Um Stroessner é candidato para a ONU

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Por: Caroline | 17 Outubro 2013

O presidente Cartes indicou que não cabe a ele julgar Stroessner Domínguez (foto). Vítimas da ditadura e organizações defensoras dos direitos humanos no Paraguai rechaçaram e repudiaram sua eventual nomeação.

A reportagem é publicada no jornal Página/12, 16-10-2013. A tradução é do Cepat.

 
Fonte: http://goo.gl/eCUooP  

A possibilidade de que Alfredo Stroessner Domínguez, neto do falecido ditador, seja designado embaixador das Nações Unidas disparou uma polêmica no Paraguai. Inicialmente, trata-se de uma decisão que envolve o presidente Horacio Cartes. O presidente surpreendeu a opinião pública ao admitir que Goly Stroessner, como é conhecido em seu país, é um dos candidatos para tal cargo. Cartes também assegurou que seria injusto deixar de considerá-lo para este cargo. O avô de Goly governou o Paraguai de forma corrupta e despótica entre 1954 e 1989, quando foi deposto após anos de ditadura.

O historiador Jorge Rubiani questionou ontem, em um artigo publicado no jornal ABC Color, a possível nomeação do neto de Stroessner. Entre outras coisas, justificou esta decisão na necessidade de distanciar definitivamente o Paraguai da imagem de “pouco respeitável” que deixou “o longo, tumultuoso e vergonhoso reinado de Stroessner”. Mais ainda – acrescentou – quando a embaixada que possa vir a lhe ser confiada é perante as Nações Unidas, perante todos os países do mundo. Cartes, de sua parte, indicou que não é ele quem deve julgar Stroessner neto, e acrescentou: “Eu não estou enviando (à ONU) o avô”.

Como era de se esperar, vítimas da ditadura e organizações defensoras dos direitos humanos no Paraguai rechaçaram e repudiaram essa possibilidade. O diretor da Direção de Reparação e Memória Histórica do Paraguai, Rogelio Goiburú, filho de um desaparecido durante a ditadura, manifestou que, ainda que o neto não seja responsável diretamente sobre os crimes cometidos durante a ditadura paraguaia, “defende constantemente seu avô, fazendo apologia do delito e legitimando crimes contra a humanidade”. “Que peça desculpas públicas e diga que seu avô foi um torturador e um assassino, que colabore com as investigações sobre as centenas de desaparecidos. Neste dia acreditaremos que está arrependido e que merece ser candidato do Paraguai em algum órgão internacional”, observou Goiburú. O Chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, disse que os antecedentes pessoais são uma coisa e os familiares outra, ao admitir que se estuda a candidatura de Goly para representar o país.

Entretanto, o secretario geral da Coordenadoria de Direitos Humanos do Paraguai (Codehupy), Enrique Gauto Bozzano, ressaltou que é lamentável que nesta altura dos acontecimentos o Estado paraguaio proponha um familiar do ditador. “Será muito mais preocupante se chegar a se concretizar sua nomeação. Transmitiria uma mensagem à comunidade internacional muito forte no sentido de que, de alguma forma, estaria dizendo que o governo de Stroessner foi positivo”, manifestou Gauto.

No ano passado, Goly Stroessner foi o centro de uma polêmica por sua pretensão de repatriar ao Paraguai os restos mortais do ditador, que faleceu no Brasil, em agosto de 2006.