Por: Jonas | 09 Outubro 2013
A reforma da Cúria suporá a diminuição dos dicastérios romanos, a transformação do Sínodo dos Bispos em “um órgão de consulta permanente”, inclusive on-line, e a criação de um “ministério de Finanças” na Santa Sé, segundo destacou, em diferentes entrevistas para os meios de comunicação italianos, o cardeal de Tegucigalpa e coordenador do “G-8”, nomeado por Francisco, Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga (foto).
Fonte: http://goo.gl/s4eqFy |
A reportagem é de Jesus Bastante, publicada no sítio Religión Digital, 07-10-2013. A tradução é do Cepat.
“O Papa deseja transformar o Sínodo dos Bispos num órgão de consulta permanente”, afirmou Maradiaga ao término da visita de Assis, onde o grupo de cardeais acompanhou Francisco. O desejo de Bergoglio, destaca o cardeal, é que se torne “uma estrutura interativa que permita sempre ter os bispos presentes, mesmo cada um permanecendo em seu país”. Um sistema muito parecido ao da Assembleia Geral das Nações Unidas, no qual o “G-8” poderia ter um posto permanente e o restante, até uns duzentos, eleitos majoritariamente pelas Conferências Episcopais.
As propostas que foram abordadas na semana passada, em Roma, advogam redefinir as funções deste sínodo, que até o momento se reúne durante três semanas, a cada dois ou três anos, e conseguir fazer com que “seja um instrumento que trabalhe durante três anos, com consultas permanentes e, caso necessário, diárias por meio da internet”. Em outras palavras, que a “sinodalidade” seja “o sistema de trabalho na Santa Sé”, o que suporia uma mudança na estrutura de governo, tornando-a muito mais horizontal. “A relação de colaboração dos bispos com o Pontífice, indicada pelo Concílio Vaticano II não foi muito desenvolvida”, apontou Maradiaga.
O novo secretário do Sínodo, Lorenzo Baldisseri, reunir-se-á nas próximas semanas com a equipe permanente para emitir em breve uma convocação. O próximo Sínodo, o primeiro com a nova estrutura, poderá ser anunciado antes do final do ano.
No que diz respeito à reforma dos organismos da Cúria, Maradiaga ressaltou que “não são retoques, mas uma reforma da Cúria”, para a qual “necessitaremos de tempo”. “Queremos que o projeto seja discutido com aqueles que vivem aquelas situações, que tem experiência, e para que deem sua contribuição”, observou. Sim, parece clara uma nova estrutura para os dicastérios romanos e a Secretaria de Estado.
Maradiaga considerou que a unificação dos dicastérios da Cúria Romana é uma necessidade evidente. E que foram os cardeais, nas reuniões anteriores ao conclave, que consideraram que “a Cúria cresceu muito e que é difícil que possa trabalhar com agilidade”.
Sobre a reforma econômica e o futuro do Banco Vaticano e da APSA, Maradiaga insistiu que “não se entende por qual razão o Vaticano não possa ter, como acontece nos outros estados, um ministério das finanças que reagrupe todos os atuais dicastérios”.
A respeito do IOR, o coordenador da comissão apontou que “é necessário superar a atual ambiguidade de uma fundação que não é um banco” e precisou que sobre o assunto “estão se ocupando outras duas comissões”, embora haja algo pelo qual não há dúvidas: “a transparência é a melhor resposta”.
Sobre os últimos pontificados, considerou que “ninguém suspeitaria que João Paulo II, vindo da Polônia, derrubaria a cortina de ferro; depois, o papa Bento firmou algumas bases teológicas fundamentais, como o amor, a esperança e a fé. Agora, com o papa Francisco, chegou o momento de se aproximar mais do povo de Deus por meio do carinho e das coisas simples, mas essenciais para a vida cristã que tocam os problemas cotidianos e especialmente os corações”.
“Estamos – prosseguiu o cardeal – nesta etapa da Providência que nos leva a estarmos mais próximos dos ensinamentos do Concílio Vaticano II”. E considerou que “também a reforma da Cúria responde a esta exigência: não um organismo fora e acima do mundo, mas no mundo e que procura servi-lo”, porque “o conceito que Francisco tem de autoridade é o serviço”.
Nas diferentes entrevistas, o cardeal também falou do histórico dia de jejum e oração pela paz na Síria. “Foi um milagre. Essas sanções que os Estados Unidos queriam aplicar na Síria teriam levado à guerra e esses mísseis teriam provocado mais destruição e sofrimento”, apontou Maradiaga, acrescentando que a carta do Santo Padre ao presidente Putin teve um efeito extraordinário: “foi um fato importantíssimo na história do mundo. Foi uma sacudida saudável na consciência de todos”.
A respeito do drama da imigração, inclusive da América Central com os Estados Unidos, o cardeal considerou que para “evitar tragédias deste tipo é necessário que haja mais vigilância contra os traficantes que se aproveitam deste drama”. Porém, também é necessário “estimular os governos para que prestem mais atenção na juventude”. Porque “não há interesse pelo destino de tantos jovens. Não possuem um horizonte. É uma dor”.
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Maradiaga anuncia a criação de um “ministério de Finanças” vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU