Por: André | 03 Outubro 2013
Começou em setembro o diálogo entre o Papa Francisco e o fundador do jornal La Repubblica, Eugenio Scalfari. O Papa insiste no “defeito” da cúria romana, isto é, que é muito “vaticanocêntrica”. Por isso, recomenda “partir do Concílio” e confirma sua intenção de “abrir à cultura moderna” o Vaticano.
Fonte: http://bit.ly/18KiozG |
A reportagem é de Giacomo Galeazzi e publicada no sítio Vatican Insider, 01-10-2013. A tradução é de André Langer.
Mais, “abrir-se à modernidade é um dever”. Em uma conversa no Vaticano, Bergoglio falou com Scalfari dos seus planos para uma reforma da Igreja.
A partir da terça-feira e até esta quinta-feira, Francisco se reunirá com o Conselho dos oito cardeais, institucionalizado com um quirógrafo do próprio Pontífice. “Os católicos comprometidos na política têm dentro de si os valores da religião, mas sobretudo consciência e competência maduras para colocá-los em prática. A Igreja nunca irá ultrapassar a tarefa de expressar e difundir seus valores, pelo menos enquanto eu estiver aqui”, promete o Papa Francisco ao responder a um pergunta sobre o compromisso dos católicos. “As instituições políticas – explica – são laicas por definição e operam em esferas independentes. Isto foi dito por todos os meus antecessores, pelo menos há muitos anos. Inclusive com diferentes alusões. A política – destaca o Pontífice – é a primeira das atividades civis e tem um campo de ação que não é o da religião”.
Portanto, “falaremos inclusive do papel das mulheres na Igreja; recordo-lhe que a Igreja é feminina”. Com estas palavras, o Papa Francisco despediu-se de Scalfari, depois daquela que parece ser a primeira de muitas entrevistas que o Papa concederá ao fundador do La Repubblica. Na carta que havia escrito em 4 de setembro passado, Bergoglio enfrentava algumas questões doutrinais de enorme importância. “Eu não falaria, nem mesmo para quem crê, em verdade ‘absoluta’, no sentido de que o absoluto é aquilo que é desvinculado, aquilo que não tem relação – defende o Pontífice. Ora, a verdade, segundo a fé cristã, é o amor de Deus por nós em Jesus Cristo. Portanto, a verdade é uma relação! Tanto é verdade que cada um de nós a capta, a verdade, e a expressa a partir de si mesmo: a partir da sua história e cultura, a partir da situação em que vive, etc. Isso não significa que a verdade é variável e subjetiva. Pelo contrário, significa que ela se dá a nós sempre e somente como um caminho de vida”.
De fato, “não foi o próprio Jesus que disse: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’? Em outras palavras, a verdade, sendo definitivamente uma só com o amor, exige a humildade e a abertura a ser buscada, acolhida e expressada”.
Portanto, “devemos nos entender bem sobre os termos, e, talvez, para sair dos impasses de uma contraposição... absoluta, refazer profundamente a questão”. O Papa pensa que “isto é absolutamente necessário hoje para entabular esse diálogo sereno e construtivo que indicava no começo” da sua reflexão.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“Muito centralismo na Igreja; partamos do Concílio”, convida o Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU