25 Setembro 2013
Naquilo que equivale a uma "dança das cadeiras" no Vaticano, o Papa Francisco confirmou no último sábado várias autoridades em seus cargos e mudou outras ao seu redor – um sinal, talvez, de que o novo pontífice está montando o seu próprio time.
A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada no sítio National Catholic Reporter, 21-09-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Entre outros movimentos-chave, o arcebispo norte-americano Augustine Di Noia foi nomeado "secretário-adjunto" da Congregação para a Doutrina da Fé, voltando para o escritório doutrinal onde o prelado natural do Bronx já havia atuado anteriormente como subsecretário de 2002 a 2009.
O cardeal italiano Mauro Piacenza, até então prefeito da Congregação para o Clero, foi nomeado o "Grande Penitenciário", ou chefe da Penitenciaria Apostólica, um tribunal vaticano que lida com questões de foro interno, incluindo o perdão dos pecados, as excomunhões e as indulgências.
Francisco nomeou o arcebispo Beniamino Stella para assumir a Congregação para o Clero. Aos 72 anos, Stella atualmente é chefe da Pontifícia Academia Eclesiástica, a escola de elite do Vaticano para diplomatas.
Em outros movimentos:
• Francisco confirmou o cardeal italiano Fernando Filoni como prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, a congregação missionária do Vaticano, e suas outras altas autoridades.
• Ele também confirmou o arcebispo alemão Gerhard Ludwig Müller como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, juntamente com seus principais colaboradores.
• O papa enviou o arcebispo croata Nikola Eterovic, anteriormente secretário do Sínodo dos Bispos, como seu novo embaixador para a Alemanha. Ele indicou o arcebispo italiano Lorenzo Baldisseri, ex- secretário da Congregação para os Bispos, como novo chefe do Sínodo.
Em termos de reação romana, a nova indicação de Piacenza causou mais surpresa.
Na política vaticana, um movimento de uma congregação para a penitenciaria é geralmente visto como um degrau abaixo, já que a obra da penitenciaria se desenrola principalmente nos bastidores e não tem o mesmo impacto na política da Igreja em geral.
Natural de Gênova e protegido do lendário cardeal Giuseppe Siri, Piacenza é geralmente considerado como um forte conservador na maioria dos assuntos. Stella, por contraste, é um diplomata veterano visto como moderado e pragmático e, portanto, indiscutivelmente mais em sintonia com as perspectivas do novo papa.
Piacenza pediu nesse sábado que um porta-voz do Vaticano lesse a carta em voz alta aos jornalistas, dizendo que ele havia tentado promover "uma verdadeira renovação do clero em fidelidade ao Vaticano II" durante o seu mandato na Congregação, juntamente com um espírito de "dinamismo missionário".
Piacenza agradeceu a sua equipe e disse que levaria o "mesmo entusiasmo" para o seu novo papel.
Di Noia, agora com 70 anos, é um teólogo dominicano que atuou como chefe de gabinete do Comitê de Doutrina dos bispos dos EUA de 1993 a 2000. Depois de ter atuado por três anos como secretário, ou o número dois, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos do Vaticano, Di Noia tinha recentemente sido vice-presidente da Comissão Ecclesia Dei, responsável pelas relações com os tradicionalistas católicos.
Ainda não está totalmente claro qual será o papel de um "secretário-adjunto" no escritório doutrinal, especialmente levando-se em conta que Francisco também confirmou o arcebispo jesuíta espanhol Luis Ladaria Ferrer ao cargo de secretário.
Em geral, porém, a medida significa que Di Noia terá um papel mais amplo no escritório doutrinal, talvez especialmente em áreas em que o seu histórico norte-americano e o seu domínio do inglês são elementos importantes – assuntos relacionados com escândalos de abuso sexual na Igreja, por exemplo, e o diálogo sobre a Leadership Conference of Women Religious.
Isso também pode sugerir que o esforço para curar a ruptura com a tradicionalista Fraternidade São Pio X, popularmente conhecida como os "lefevbrianos", que era um objetivo central do papado de Bento XVI, pode não ser tanto uma prioridade com Francisco.
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Papa promove uma ''dança das cadeiras'' com os cargos vaticanos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU