12 Agosto 2013
Como ainda restam vários anos antes do aniversário em 2017 da ação de Lutero em Wittenberg, ainda há tempo de sobra para que as congregações católicas e luteranas individuais trabalhem juntas para criar eventos locais que se tornem um modelo para uma relação ecumênica mais rica e mais ampla.
A opinião é de Bill Tammeus, ancião presbiteriano e premiado ex-colunista de religião para o jornal The Kansas City Star. O artigo foi publicado no sítio National Catholic Reporter, 07-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Não há dúvida de que é inútil agora, quase 500 anos depois do início da Reforma Protestante, sugerir que ela não deveria e não precisaria ter acontecido. O que está feito está feito.
Mesmo assim, evidências de que pensamentos e ações mais generosos e acolhedores no início dos anos 1500 poderiam ter evitado a ruptura podem ser encontradas no fato de que, hoje, católicos e luteranos concordaram em comemorar o início da Reforma sem rancor nem insultos adicionais.
Um documento conjunto recentemente produzido pelo Vaticano e pela Federação Luterana Mundial [disponível aqui, em inglês] reconhece essa realidade presente: "Luteranos e católicos hoje gozam de um crescimento na compreensão, cooperação e respeito mútuos. Eles reconhecem que mais coisas os unem do que os dividem: acima de tudo, a fé comum no Deus Uno e Trino e a revelação em Jesus Cristo, assim como o reconhecimento das verdades básicas da doutrina da justificação".
Não devemos, no entanto, buscar uma imediata fusão das Igrejas católicas e protestantes em um corpo unificado. Se isso alguma vez irá acontecer, falta ainda muito caminho. De fato, há algo a ser dito sobre a riqueza dos diferentes estilos teológicos e eclesiais encontrados nos vários ramos do cristianismo – católico, protestante, ortodoxo e outros.
Seria uma pena perder essa riqueza pelo bem do ídolo da uniformidade. E o fato é que o próprio protestantismo é tão completamente atomizado a ponto de fazer qualquer tipo de unificação protestante-católica parecer uma alucinação. Ora bolas, nós, presbiterianos, temos problemas suficientes apenas para tentar manter a nossa casa unida; imagine uma fusão primeiro com o restante do protestantismo e depois com o catolicismo...
E ainda há muito o que celebrar no diálogo católico-luterano que levou o Vaticano e a Federação Luterana Mundial a esse ponto. Essa jornada conjunta não começou na semana passada. Longe disso. Como observa o documento recém-lançado:
"O 450º aniversário da Confissão de Augsburgo, em 1980, já ofereceu a luteranos e católicos a oportunidade de desenvolver um entendimento comum sobre as verdades fundamentais da fé, apontando para Jesus Cristo como o centro vivo da nossa fé cristã. No 500º aniversário de nascimento de Martinho Lutero, em 1983, o diálogo internacional entre católicos romanos e luteranos afirmou conjuntamente uma série de preocupações essenciais de Lutero".
Passos adicionais entre aquela época e agora prepararam o terreno para essa observação conjunta e civil do 500º aniversário de quando Lutero pregou as suas 95 teses na porta da catedral de Wittenberg, na Alemanha.
A questão, é claro, é se tudo isso é meramente o produto de oficiais de alto nível da Igreja com pouca relevância ou conexão com as pessoas comuns dos bancos. Até agora, nós não sabemos como responder a isso, exceto para dizer que, provavelmente, uma pesquisa em qualquer congregação católica ou luterana encontraria apenas uma ínfima minoria de membros conscientes do status dessa relação.
De fato, isso aponta para o problema permanente da educação teológica dos membros da Igreja. Parece que, muitas vezes, o estudo da Bíblia e das questões da teologia por parte das pessoas acaba nos seus anos de adolescência e, mesmo que eles possam ser participantes regulares do culto, muitas vezes eles são biblicamente analfabetos e lamentavelmente mal informados sobre o que os seminários estão ensinando aos futuros membros do clero.
E, quanto a questões como o diálogo católico-luterano, a cobertura midiática em geral é tão limitada que somente algumas pessoas captam a sua importância ou mesmo a sua existência. O National Catholic Reporter publicou a notícia do site Religion News Service sobre a nova declaração na sua edição impressa dos dias 5-18 de julho, mas a cobertura na maior parte da imprensa não religiosa tradicional foi escassa.
E, como ainda restam vários anos antes do aniversário em 2017 da ação de Lutero em Wittenberg, ainda há tempo de sobra para que as congregações católicas e luteranas individuais trabalhem juntas para criar eventos locais que eduquem os membros e se tornem um modelo para uma relação ecumênica mais rica e mais ampla.
A sua congregação vai assumir a liderança? Pesquisa no Google sobre os luteranos. Eles são fáceis de encontrar.
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Celebração conjunta católico-luterana, um bom começo para o entendimento interdenominacional - Instituto Humanitas Unisinos - IHU