Romeiro em Aparecida e samaritano do ‘crack’

Mais Lidos

  • A falácia da "Nova Guerra Fria" e o realismo de quem viu a Ásia por dentro: a geopolítica no chão de fábrica. Entrevista com Eden Pereira

    LER MAIS
  • De uma Igreja-mestra patriarcal para uma Igreja-aprendiz feminista. Artigo de Gabriel Vilardi

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: Jonas | 26 Julho 2013

“Acabou a época das brigas intestinas debilitadoras. Chegou o momento de todos remarem na mesma direção. Francisco quer uma Igreja inclusiva, casa comum de todos e para todos. Isto sim, com cobertura para os pobres e átrio para os gentios”, escreve José Manuel Vidal, em artigo publicado em seu blog Rumores de Angeles, 25-07-2013. A tradução é do Cepat.

 
Fonte: http://goo.gl/TflBmW  

Eis o artigo.

Retornou como romeiro papal a Aparecida, de onde o cardeal Bergoglio saiu, seis anos atrás, como uma referência da Igreja latino-americana, após costurar e conseguir acordar um documento que voltou a se conectar com Puebla e Medellín, as reformistas cúpulas do episcopado americano. Um documento de síntese e de soma. Com a fusão, num equilíbrio surpreendentemente estável, de dois modelos de Igreja: o conservador e o moderado-progressista.

Um documento profético e premonitório. Aqui, como cardeal, Jorge Mario conseguiu esse milagre. Como Papa, vestido de branco, volta à sua Aparecida, para prostrar-se diante da Virgem negra. Para novamente conseguir o milagre da fusão dos dois modelos, das duas formas de ser e de fazer Igreja.

Depois da época da tese reformista dos papas do Concílio (João XXIII e Paulo VI), veio a antítese conservadora dos papas do pós-concílio (João Paulo II e Bento XVI). Cabe a ele, nesse momento, a síntese sempre pacificadora. Pela mão de Francisco, o “Papa dos pobres”, é o caso de somar, unir, fazer convergir. Deixar de olhar para o umbigo das diferenças internas para se unir e se converter no fermento compacto que vivifique a massa e a salve.

O inimigo (caso houvesse) não está fora, mas muito menos dentro. Acabou a época das brigas intestinas debilitadoras. Chegou o momento de todos remarem na mesma direção. Francisco quer uma Igreja inclusiva, casa comum de todos e para todos. Isto sim, com cobertura para os pobres e átrio para os gentios.

Esse é o programa que veio lançar em Aparecida, especialmente dirigido aos jovens, com suas já famosas admoestações: converter-se à esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver na alegria. Com jovens cristãos que sejam “luzeiros de esperança”, para que atuem como “motores potentes da Igreja e da sociedade”.

“Os leprosos de hoje”

O documento que o então cardeal Bergoglio teceu em Aparecida, no ano de 2007, está repleto da Teologia Popular, uma filha da Teologia da Libertação sem conotações políticas, mas que assim como ela faz uma aposta clara e decidida na “opção pelos pobres”. Ou dito de outra forma, “ora et labora”. Pela manhã, o Papa rezou diante da Virgem negra, e durante a tarde enxugou as lágrimas de dor dos malditos do ‘crack’, acolhidos, para sua reinserção, pelo franciscano Francisco Belotti.

O padre Belotti os denomina como “os leprosos modernos”, os dependentes de uma pandemia que atinge 3% da população brasileira e que, segundo o frei carioca, possui apenas quatro saídas: o cárcere, a psiquiatria, o cemitério ou a recuperação.

E Francisco voltou a trazer esperança e consolo para os desesperados da droga. Parecidos com aqueles que, pelas mãos do padre Pepe, ia visitar nas vilas misérias de sua Buenos Aires. Embora em sua terra chamem o crack de ‘paco’, sua espiral de morte é a mesma. Ele conhece o sua cara. Talvez, por isso, transmitiu ainda mais compaixão. E semeou esperança entre os jovens, ao mesmo tempo em que dava um incentivo para o padre Belotti, um dos bons samaritanos da Igreja brasileira. “Sua presença é um sinal de que Deus está nos abençoando”, proclamava o religioso.