09 Julho 2013
O que resta da esperança cristã? A esperança é da ordem do combate, não das previsões! Zombaram de Jesus no Calvário. Muitos hoje caçoam dos revolucionários sírios, principalmente desses pobres imbecis democráticos... mas a última palavra não foi dita!
A opinião é do jesuíta italiano Paolo Dall’Oglio, fundador do Mosteiro Deir Mar Musa (Síria), atualmente vivendo no exílio, depois de ser expulso da Síria. O artigo foi publicado no sítio da revista Popoli, 04-07-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o artigo.
No site da revista Tempi, no dia 8 de junho de 2013, o patriarca latino de Jerusalém, Fouad Twal, expressou, por assim dizer, o sentimento da maioria dos cristãos da Síria e de todo o Oriente Médio: ser "Igreja do Calvário". As primaveras árabes seriam definitivamente apenas uma nova etapa do mal-estar dos cristãos orientais diante do crescimento do islamismo político, sob a máscara das reivindicações democráticas.
No caso da Síria, embora reconhecendo a necessidade de reformas, o patriarca declara que não se pode "destruir um país inteiro porque alguém quer a mudança". Ele considera que é melhor viver com um ditador do que provocar 80 mil mortes e 1,5 milhão de refugiados. "Não se podem aceitar 80 mil mortos e milhões de refugiados pelo gosto da mudança". E acrescenta que, se os cristãos e os patriarcas pudessem obter vantagens com a revolução, dariam a sua bênção: "Não sabemos para onde estamos indo. Como eu poderia hoje abençoar tantos massacres e tantas mortes?".
É interessante notar como ele omite lembrar que mortos e refugiados são, sobretudo, as vítimas da repressão do Estado contra uma revolução que nasceu democrática e que gostaria de permanecer assim o máximo possível. De repente, as vítimas se tornam o carrasco!
Há cristãos sírios que sofreram por muito tempo por causa do regime, foram presos e torturados, que tomaram o caminho do exílio... Eles são solidários com os outros sírios democráticos da revolução em andamento.
Mas é possível que a revolução esteja perdida! A ausência de solidariedade ocidental, assim como por parte de outras potências, como a Índia e o Brasil, somada às contradições do próprio movimento; a ajuda econômica e militar direta fornecida pela Rússia e pelo Irã; a invasão das melhores tropas libanesas dentro do território sírio; a presença de grupos radicais islâmicos e clandestinos in loco; a ilimitada vontade repressiva do regime e dos seus clãs associados; a manipulação bastante eficaz da informação internacional, com a ajuda muito ativa de homens e mulheres da Igreja; o interesse geoestratégico de Israel e do Ocidente por uma guerra civil entre os muçulmanos, segundo a opinião explícita dos teóricos conservadores...
Tudo isso poderia efetivamente produzir uma tragédia completa: 500 mil mortos, 5 milhões de refugiados ao exterior e uma Síria reduzida a uma cratera.
Certamente, se tivéssemos sabido antes, teríamos, talvez, abandonado o país sem lutar. Mas os nossos jovens pensaram diferente.
O que resta da esperança cristã? A esperança é da ordem do combate, não das previsões!
Zombaram de Jesus no Calvário. Muitos hoje caçoam dos revolucionários sírios, principalmente desses pobres imbecis democráticos... mas a última palavra não foi dita!
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A Igreja do calvário. Artigo de Paolo Dall'Oglio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU