01 Julho 2013
O documento de Francisco irá sair em alguns dias. E será um texto central do pontificado, porque irá enquadrar do ponto de vista jurídico o "grupo" cardinalício que ele nomeou no dia 13 de abril para "aconselhá-lo no governo da Igreja universal" e para estudar um projeto de reforma da Cúria.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 30-06-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
À época, foi um comunicado da Santa Sé que anunciou a sua instituição; agora o papa irá especificar claramente o papel do "grupo", como fez para a comissão de inquérito sobre o IOR. Mas o sentido da reforma já está todo nas frases pronunciadas de improviso nesse sábado em São Pedro (depois de ter avisado: "Se a lógica do poder prevalece sobre Deus, tornamo-nos pedras de tropeço"). Palavras apenas aparentemente "técnicas": o pontífice que lembra o Concílio e fala, conectando-o, sobre o "Sínodo dos bispos em harmonia com o primado de Pedro", que explica como "devemos ir por esse caminho de sinodalidade, crescer em harmonia com o serviço do primado", anuncia substancialmente o sentido de uma reforma que tem as características da revolução, repensa o modo pelo qual o papa exerce o seu "primado" e realmente redefine o papel da Cúria Romana na Igreja.
Uma Igreja mais colegial, com uma relação mais direta e contínua entre o bispo de Roma e os outros bispos do mundo. E um estilo que favorece as relações com os outros cristãos: nesse sábado, no Ângelus, Francisco quis recitar com os fiéis uma Ave Maria pelo patriarca ortodoxo Bartolomeu I.
Do outro lado do Tibre, explicam que o cardeal australiano George Pell, membro do "grupo" cardinalício, ele propôs que o Conselho da Secretaria do Sínodo, composto por 15 bispos, se torne um órgão consultivo para o papa. Mas há mais.
O bispo Marcello Semeraro, secretário do "grupo", explicou ao jornal Corriere della Sera que "a palavra 'colegialidade' se refere aos bispos, mas 'sinodalidade' tem um porte mais amplo: indica um modo de agir em harmonia, dóceis à ação do Espírito. Não há nenhuma contraposição com o primado".
Enquanto isso, cresce no Vaticano a expectativa pelas nomeações para a cúpula da Cúria. Nesse sábado, ela foi desiludida, mas as coisas estão se mexendo: o papa teria dito ao arcebispo de Madri, Rouco Varela, que o seu sucessor na capital espanhola será o cardeal Antonio Cañizares Llovera, agora prefeito do Culto Divino.
Para o cardeal Mauro Piacenza, à frente do Clero, falava-se de Bolonha, mas justamente nesse sábado a diocese comunicou que o papa prorrogou o mandato do arcebispo Carlo Caffara por mais dois anos.
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Papa trabalha em documento que irá redefinir o papel da Cúria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU