20 Junho 2013
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu ontem, em São Paulo, com os dirigentes das cinco principais centrais sindicais do país no momento em que as pesquisas revelam queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff e o governo federal trava batalhas de articulação política com seus aliados.
A reportagem é de Roldão Arruda e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 20-06-2013.
Durante quase duas horas, Lula ouviu e anotou comentários dos sindicalistas sobre a conjuntura política e econômica do País e, sobretudo, reclamações contra a presidente. Os líderes das centrais disseram que o governo não lhes dá a atenção devida. "O tema central foi a falta de interlocução com esse governo", disse Valdir Vicente, diretor da Força Sindical.
A ideia do encontro com as centrais havia sido aventada por Lula e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, há cerca de um mês. Mas o convite aos dirigentes sindicais só foi disparado na sexta-feira, num momento de visíveis dificuldades para o governo e o PT, sinalizadas não só pela queda da aprovação do governo da presidente como pelas manifestações que tomaram as ruas em diferentes cidades do País.
O encontro ocorreu na sede do Instituto Lula. Ao final, por sugestão do ex-presidente, ficou acertado que outros encontros serão realizados nos próximos meses. Lula, que veio do meio sindical e era elogiado em seu governo pela facilidade que demonstrava para ouvir e consultar sindicalistas, sugeriu que eles ocorram a cada dois meses.
Ao falar sobre os problemas enfrentados pela presidente Dilma na área econômica, que estariam associados à queda da aprovação de seu governo, o ex-presidente observou que o Brasil está enfrentando reflexos de uma crise econômica internacional.
Também destacou que, apesar dos problemas, a taxa de desemprego continua baixa, na comparação com outros países. Citou que na Europa a taxa bate em 20%, e no Brasil é de 5%.
Manifestações
Sobre as manifestações que sacodem o País, o ex-presidente disse que é preciso ouvir mais as ruas. "De maneira geral, o Lula sempre defende a necessidade uma interlocução maior com os movimentos sociais e, sobretudo, as centrais", disse Marcos Afonso, diretor da UGT.
As outras centrais convidadas por Lula foram a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central de Trabalhadores do Brasil (CTB) e Nova Central. Entre os líderes dessas organizações o que se observou foi uma sensação perplexidade diante das manifestações de rua que, de maneira geral, rejeitam a intervenção de partidos e de outras instituições de representação, como os sindicatos.
Lula não fez nenhuma promessa formal de que vai encaminhar as reclamações dos líderes das centrais sindicais ao Planalto. Mas a ênfase que os sindicalistas deram ao assunto mostra que eles esperam exatamente isso do ex-presidente: que faça a intermediação com Dilma. Em dezembro do ano passado, o ex-presidente já havia recomendado à presidente ouvir mais empresários, sindicatos e políticos.
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Lula recebe sindicalistas e 'anota' reivindicações - Instituto Humanitas Unisinos - IHU