Por: Jonas | 18 Junho 2013
“Este Papa conseguiu introduzir ar fresco na Igreja. Do ar fresco nem todos gostam. A oposição silenciosa funciona”, afirma o frei dominicano Martín Gelabert Ballester (foto), a respeito das polêmicas em torno do que foi dito pelo Papa aos representantes da Conferência Latino-Americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas (CLAR). O artigo está publicado em seu próprio blog, 16-06-2013. A tradução é do Cepat.
Eis o artigo.
Fonte: http://goo.gl/FBeSv |
O que estão falando que o Papa disse em seu encontro com as religiosas e religiosos da CLAR, no dia 6 de junho, é muito proveitoso. Em vista da surpresa que as palavras colocadas em sua boca causaram, a Secretaria da CLAR se viu obrigada a esclarecer que o que foi publicado não corresponde exatamente ao que o Papa disse, mas apenas reflete “o sentido geral”. Para mim, basta que reproduza “o sentido geral”. Porque há alguns meses teria sido inconcebível que colocassem na boca de um Papa algumas palavras, mais ou menos parecidas com estas, dirigidas às religiosas e religiosos: é possível que recebam uma carta da Congregação da Fé, mas não se preocupem e sigam adiante. Abram portas, façam algo onde a vida clama. Prefiro uma Igreja que erre por fazer algo, do que uma que adoeça por ficar fechada.
Este Papa conseguiu introduzir ar fresco na Igreja. Do ar fresco nem todos gostam. A oposição silenciosa funciona. Nas palavras que reproduzem “o sentido geral” do que o Papa disse, importa tanto a forma como a questão de fundo. A forma é plana e direta. A questão de fundo poderia ser que o serviço à evangelização e o compromisso a favor dos desamparados deve estar acima de qualquer crítica, inclusive daquelas que provenham da própria instituição eclesial.
Alguns se comprazem em criticar a vida religiosa. Usam critérios numéricos como prova da condição ruim que está. São parecidos com esses padres que, quando veem que há pouca gente na Missa, censuram os presentes por causa dos ausentes, quando o que precisariam fazer é animar, sustentar e valorizar os assistentes. Uma resposta aos critérios numéricos é dizer que na vida religiosa vale mais a qualidade do que a quantidade. Resposta boa, mas insuficiente. Em cada época, os distintos carismas e serviços eclesiais se repartem de forma diferente. As instituições nascem, crescem, mudam, adaptam-se e algumas desaparecem. É a lei da vida. Não podemos passar a vida lamentando o que poderíamos ter feito, caso nossas congregações tivessem ficado nas mãos dos que se foram ou dos que não vieram. O que devemos fazer é nos apoiarmos, sustentar-nos e nos perguntarmos com realismo sobre o que podemos fazer, em nossa situação atual, para servir o Reino de Deus com todas as nossas forças.
É preciso agradecer ao papa Francisco pela sua valorização positiva da vida religiosa e por suas palavras alentadoras. Os que nunca fazem nada, nunca erram. Os que trabalham, algumas vezes acertam e outras não. Hoje e sempre, e provavelmente mais antes do que agora, existiram religiosas e religiosos que não estiveram à altura de sua vocação. O que fazer nestes casos? É preciso discernir, porque nem todos os casos são iguais. Contudo, ao menos para alguns, pode servir esta palavra messiânica: “o pavio (= pavio de uma vela) oscilante não o apagará”.
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O Papa e a vida religiosa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU