Por: André | 06 Junho 2013
“A hipocrisia é a linguagem própria da corrupção”. Os cristãos não devem usar uma linguagem “socialmente educada”, propensa à “hipocrisia”, mas ser portadores da “verdade do Evangelho com a mesma transparência das crianças”.
A reportagem está publicada no sítio Vatican Insider, 04-06-2013. A tradução é do Cepat.
O pedido foi feito pelo Papa Bergoglio na missa que celebrou na manhã desta terça-feira na capela da Casa Santa Marta. Uma celebração da qual participaram alguns diretores da TV italiana Rai, a presidenta Tarantola e o general Gubitosi.
A homilia seguiu as ideias do dia anterior, na qual o Papa Bergoglio refletiu sobre a corrupção, mas partindo da passagem evangélica que narra a resposta de Jesus sobre o tributo para César.
“Pensemos bem: qual é a nossa língua? – se perguntou o Pontífice. Falamos verdadeiramente com amor ou falamos um pouco com essa linguagem social para sermos educados, para dizer inclusive coisas bonitas, mas que não sentimos? Que a nossa forma de falar seja evangélica, irmãos! Depois, estes hipócritas que começam com a adulação, a adulação e tudo o mais, acabam buscando falsos testemunhos para acusar os que haviam adulado”. Os que se aproximam de Jesus com tanta amabilidade são os mesmos que na quinta-feira à tarde irão prendê-lo no Horto das Oliveiras, e na sexta-feira o arrastarão a Pilatos.
A reflexão do Papa partiu das estratégias da hipocrisia, que é a linguagem dos corruptos. Os fariseus se dirigem a Jesus “com palavras suaves, com palavras bonitas, com palavras muito doces”, “tratando de serem amigáveis”. Mas tudo é falso, porque, explicou o Papa Francisco, “estes não amam a verdade”, mas apenas a si mesmos, razão pela qual “tratam de enganar, de enredar o outro em sua falsidade, em sua mentira. Eles têm o coração mentiroso, não podem dizer a verdade”.
“É justamente a linguagem da corrupção: a hipocrisia. E quando Jesus fala aos seus discípulos”, recordou Francisco, disse-lhes que digam um grande sim para o sim e um grande não para o não. “A hipocrisia não é uma linguagem de verdade, porque a verdade nunca anda sozinha. Nunca! Sempre vai acompanhada pelo amor! Não há verdade sem amor. O amor é a verdade primeira. Se não há amor, não há verdade. Estes – continuou o Papa referindo-se aos fariseus – querem uma verdade escrava dos próprios interesses. Há um amor, podemos dizer: mas é o amor de si mesmos, o amor para si mesmos. Essa idolatria narcisista que os leva a trair os outros, que os leva aos abusos de confiança”.
“A temperança que Jesus quer em nós – disse o Papa Francisco – não tem nada, nada a ver com esta adulação, com esta forma açucarada de seguir em frente. Nada! A temperança é simples, é como a de uma criança; e uma criança não é hipócrita, porque não é corrupta”.
A última consideração da homilia centrou-se nessa “fragilidade interior”, estimulada pela “vaidade”, e que nos leva a nos sentirmos bem quando dizem coisas boas sobre nós. Os corruptos sabem muito bem disso e com esta linguagem tratam de nos enfraquecer.
O Papa Francisco também tuitou uma nova mensagem em sua conta @Pontifex: “Cristo nos guia para sair cada vez mais de nós mesmos, para nos entregarmos e servirmos os outros”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“A hipocrisia é a linguagem própria da corrupção”, diz Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU