Por: Cesar Sanson | 10 Mai 2013
O trabalhador da construção civil em Natal é jovem, tem pouco estudo, diz estar feliz com o seu trabalho, mas não quer ver os filhos na construção civil. Os dados fazem parte da pesquisa encomendada pelo Sindicato da Construção Civil (Sinduscon/RN).
A reportagem é de Sara Vasconcelos e publicada pelo jornal Tribuna do Norte, 10-05-2013.
Natural de Poço Branco, o pedreiro José Wilson Fernandes, de 34 anos, há 15 na profissão, está satisfeito com o trabalho e não pretende mudar de área. Os rendimentos aumentaram nos últimos anos na mesma proporção de que propostas de emprego são feitas para iniciar novas empreitadas na construção civil. Mas não quer que os filhos, de 6 e 13 anos, sigam a mesma profissão.
Wilson, que não completou o ensino fundamental, ilustra o novo perfil do trabalhador da construção civil em Natal - tema de pesquisa encomendada pelo Sindicato da Construção Civil (Sinduscon/RN) à Consult e divulgada ontem. O operário está cada vez mais jovem - 66% tem entre 20 e 40 anos, tem índice de escolaridade muito baixo e se diz satisfeito com o trabalho que realiza.
O estudo pretende nortear ações para minimizar o impacto da escassez de mão de obra qualificada e da alta rotatividade. Sobre esse aspecto, a pesquisa mostra que, entre os operários que trabalharam em mais de duas empresas, o tempo médio de permanência em cada uma delas é de apenas 1 ano em 43,84% dos casos.
Com uma projeção de crescimento moderado do setor, de 3% a 4% para esse ano, o mercado imobiliário desacelera no volume de lançamentos e é a vez das obras estruturantes em mobilidade, saneamento e da construção do estádio Arena das Dunas, com vistas à copa do mundo, demandar mais profissionais. “Esta migração é bem definida quando se vê os dados Caged (o cadastro de empregados e desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego), é cada vez maior o número de contratações no setor de infraestrutura que é o grande repassador de recursos”, diz o presidente do Sinduscon, Arnaldo Gaspar Júnior.
E a leitura dos dados, ressalta Arnaldo Gaspar Júnior, aponta para a necessidade de investir mais em qualificação. O percentual de trabalhadores com defasagem na educação básica (veja info), com o ensino fundamental incompleto, foi destacado pelo presidente.
Alfabetizado
A baixa escolaridade reflete na produtividade. “Um trabalhador mais qualificado, alfabetizado, traz melhores resultados para o canteiro de obras”, analisa.
A rotatividade, segundo o empresário Francisco Ramos, da Construtora Constel, se deve muito mais à especifidade de funções, do que ao ambiente de trabalho desfavorável ou propostas salariais. “Muitos são especialistas, seja em fachada, ou instalações de incêndio, e são contratados para trabalhos específicos que não duram a obra toda”, explica.
“A oferta de trabalho contínuo, devido o aquecimento do mercado nos últimos anos, reduziu a rotatividade”, complementa Arnaldo Gaspar.
A pesquisa “O Perfil do trabalhador da construção civil em Natal“ ouviu 1 mil trabalhadores de diversas empresas do setor, no período de 23 de março a 09 de abril de 2013. “É uma preocupação legítima e fundamental saber quem é, o pensa e o grau de satisfação dos nosos trabalhadores, para melhorar a produtividade e as relações de trabalho na construção civil”.
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Operários da construção civil em Natal: jovens e com pouco estudo, mas não querem ver os filhos na mesma profissão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU