22 Abril 2013
Após o Chile, agora é a Colômbia que está pavimentando o terreno para ser o segundo país da América do Sul a aderir à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), espécie de clube dos países ricos.
A reportagem é de Assis Moreira e publicada pelo jornal Valor, 22-04-2013.
O Valor apurou que os Estados Unidos e a União Europeia protagonizam uma intensa negociação diplomática sobre a lista dos países a serem convidados a começar a negociar sua adesão. A decisão deve ser anunciada na conferência de ministros, na última semana de maio, em Paris.
Interessados em obter um rótulo de credibilidade, sete países são candidatos: três da América Latina (Colômbia, Costa Rica, Peru), três da Europa (Lituânia, Letônia e Bulgária) e um asiático (Malásia).
Os EUA jogam todo seu peso a favor da Colômbia. O presidente Juan Manuel Santos tem feito intensa campanha diplomática, buscando dar um impulso na imagem internacional do país. Argumenta para a solidez da economia colombiana investimentos importantes em inovação, além de o país representar a segunda maior população da região, à frente da Argentina.
Já a UE avisou que, se a Colômbia receber convite, um ou mesmo dois europeus também devem ser convidados a aderir. O Japão defende a adesão da Malásia.
"Aderir à OCDE fará da Lituânia um país mais atrativo para investidores externos, melhorará o rating da dívida e reduzirá nossos custos de financiamento", afirmou a presidente lituana Dalia Grybauskaite, enfatizando o que considera benefícios do clube.
Para entrar na OCDE, um país tem que assumir compromissos substanciais de liberalização, adotar cerca de 200 instrumentos (regulamentos, códigos etc.) para relaxar restrições a fornecedores estrangeiros de serviços, abrir a conta de capital etc. Tudo isso pode ser negociado, mas não demais.
Uma vez dentro, um benefício é que o mercado vê a economia do país como mais estável e isso se reflete na queda do risco-país, o que reduz os custos de financiamento internacional.
Na conferência ministerial do mês que vem, o que poderia originalmente ser um único convite, na visão de certos membros, pode vir a ser bem mais por força de acomodação diplomática. E isso num cenário em que a direção da OCDE gostaria muito mais, na verdade, que os grandes emergentes, ou seja, Brasil, China e Índia, demonstrassem interesse em entrar na entidade.
O Brasil tem convite desde 2007 para negociar sua adesão, mas preferiu até agora limitar-se a uma cooperação mais estreita.
Já a Rússia, membro dos Brics mas também do G-8 (as maiores economias industrializadas), negocia desde 2010 sua entrada. Mas problemas com a corrupção, que se propaga na economia russa, empurram uma eventual adesão para 2015. Chile, Israel, Estônia e Eslováquia começaram a negociar ao mesmo tempo que a Rússia e já são membros da OCDE.
"O que a Colômbia pode obter é o convite para começar a negociar, e a entrada ainda deve demorar de dois a três anos", diz uma fonte da entidade.
A OCDE, na prática, está se tornando o secretariado do G-20, grupo das principais economias desenvolvidas e emergentes e espécie de diretório econômico do planeta. Se a Colômbia entrar na entidade, terá acesso a certas decisões que os países ricos procuram elaborar e depois torná-las globais. Mas o que influencia mesmo é outra questão, que depende do peso da economia.
Tanto nas presidências do México como agora, da Rússia, o G-20 adotou uma agenda para decisões dos líderes, que foi cozinhada quase toda na OCDE.
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Colômbia prepara terreno para ingressar na OCDE - Instituto Humanitas Unisinos - IHU