19 Abril 2013
O Paraguai elege neste domingo o seu novo presidente. O candidato do Partido Colorado, o empresário Horacio Cartes, é favorito para vencer o governista Efraín Alegre, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA). O país está suspenso do Mercosul e da Unasul desde junho do ano passado, quando o Congresso paraguaio destituiu o presidente esquerdista Fernando Lugo. Os três candidatos das correntes de esquerda estão alijados da disputa.
A reportagem é de César Felício e publicada pelo jornal Valor, 19-04-2013.
As pesquisas de intenção de voto estão com a divulgação proibida no Paraguai há duas semanas. Mas Cartes, que conseguiu unir o Partido Colorado, parece ter mantido a liderança. Os colorados concorrem à Presidência pela primeira vez desde 1947 na oposição e contam com cerca de um milhão de filiados ativos, ou quase um terço dos 3,3 milhões de eleitores paraguaios. Alegre cresceu na reta final por dois fatores: o apoio do presidente Federico Franco e do partido Unace, que era liderado pelo general Lino Oviedo, falecido em fevereiro, até então a terceira força no país.
O candidato colorado é dono de 26 empresas, instaladas na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. A principal delas é a Tabesa, principal fabricante de cigarros no país. Recentemente filiado ao partido, Cartes ganhou notoriedade como cartola do Libertad, o atual campeão do futebol paraguaio. Durante toda a campanha, teve que se defender de acusações de contrabando de cigarro, narcotráfico, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Alegre foi ministro de Obras Públicas durante o governo de Lugo, mas tornou-se um dos articuladores do "impeachment" sumário que afastou o então presidente no ano passado. Político tradicional, montou uma chapa com outro ex-ministro de Lugo, Rafael Filizzola, que ocupou a pasta de Interior e Justiça. Ambos são chamados de "golpistas" e "traidores" pelo ex-presidente.
Lugo é candidato ao Senado, e seus aliados não conseguiram se unir em torno de um único candidatura. O mais conhecido, o radialista e apresentador de TV Mario Ferreyro, rompeu com o ex-presidente durante a campanha.
Todos os candidatos no Paraguai já anunciaram que pretendem normalizar as relações bilaterais com Brasil e Argentina e reinserir o país nos blocos regionais, aceitando a presença da Venezuela. Durante anos, o Congresso paraguaio se recusou a referendar a entrada da Venezuela como membro pleno do Mercosul, medida que foi adotada por Brasil, Argentina e Uruguai assim que o Paraguai foi suspenso do bloco.
O PIB do Paraguai deve crescer de 11% neste ano, segundo o FMI, mas sua economia é marcada pela alta volatilidade, por conta das oscilações nos mercados de soja e de carne bovina. O país é respectivamente o quarto e o nono exportador mundial dessas commodities. Em 2010, a economia cresceu 13,1%, depois de uma recessão de 4% no ano anterior. Em 2011, o PIB cresceu 4,3%. No ano passado, houve uma recessão de 1,2%.
A situação fiscal do Estado se deteriorou depois da queda de Lugo, com um aumento de gastos com o pagamento do funcionalismo de 34% no último ano. Em 2012, o Paraguai teve um déficit fiscal de 1,7% e neste ano a previsão é de 1,5%. O FMI pressiona o Paraguai para a adoção de uma lei de responsabilidade fiscal, mas a baixa carga tributária, estratégica para a atração de empresas, limita a ação do Estado. Os impostos representam só 13,4% do PIB.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
'Rei' do cigarro paraguaio pode ser presidente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU