Schönborn: ''A Cúria deve servir o papa e não substituí-lo''

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20 Fevereiro 2013

A palavra-chave é ersetzen, que significa "substituir". E que é exatamente o que a Cúria Romana não deve se dar ao luxo de fazer: "Ela deve ser organizada de modo a servir de forma razoável o primado do papa e não substituí-lo". Enquanto Bento XVI participa (com a Cúria) dos Exercícios Espirituais pregados pelo cardeal Gianfranco Ravasi, o cardeal Christoph Schönborn, 68 anos, de Viena, delineia as características "do que é possível mudar" e "ressistematizar" também na organização vaticana, o que, dito por um dos cardeais mais influentes e um dos mais importantes candidatos à sucessão do seu ex-professor Joseph Ratzinger, terá o seu peso nas discussões do Colégio antes do conclave.

A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 19-02-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

As reformas solicitadas pelo próprio papa estarão no centro dos debates. E o arcebispo de Viena, em uma entrevista à revista Profil, republicada no site da diocese, se detém sobre a diferença entre "a tradição" propriamente dita e o que é tradicional, no sentido de que se faz assim há muito tempo. A renúncia de Ratzinger mostra que a "rocha" sobre a qual Cristo fundou a Igreja "tem menos a ver com a pessoa do que com o ofício do papa". E que a Igreja pode "se separar" do que é tradicional para o senso comum, como fez com a liturgia em latim.

Por outro lado, não é possível nenhuma mudança no que diz respeito à tradição no sentido da "transmissão da fé", como a Igreja a entendeu desde o início e dos "ensinamentos de Jesus". A mesma diferença, diz o cardeal, vale para "a potencial melhoria" na "cooperação das lideranças da Cúria". A "orientação da Igreja mundial" é uma "responsabilidade indivisível" do seu "mais alto pastor", assim como para todos os bispos em suas dioceses. Resta o problema de "quem deve decidir o que: o bispo individual, a comunidade de todos os bispos ou o papa?". É aí onde é preciso "ressistematizar" melhor as coisas.

O arcebispo de Viena fala também das qualidades que o futuro papa deverá ter, "as mesmas que levaram à eleição do atual": aproximar os homens "ao caminho que leva a Deus", "distinguir os pilares da fé" do seu contorno, testemunhar também através da mídia, "entusiasmar".

Quanto à renúncia, "é uma escolha altamente pessoal de consciência" por parte de Ratzinger, "regulada ainda no código de 1917". O importante é que a escolha ocorra "livremente", também para evitar "pressões" sobre o futuro pontífice.