Por: Jonas | 11 Fevereiro 2013
Senadores democratas, nos Estados Unidos, defenderam o caminho da cidadania para cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais frente aos legisladores da Câmara dos Representantes, que consideram a medida muita extrema.
A reportagem é publicada pelo jornal La Jornada, 08-02-2013. A tradução é do Cepat.
Numa conversa com os meios de comunicação, em espanhol, o senador democrata Charles Schumer disse que pesquisas recentes apontam que a maioria dos estadunidenses apoia a medida de sentido comum e se mostrou esperançoso com a proposta.
Os requisitos para a cidadania incluem falar inglês e não ter antecedentes criminais, de acordo com uma proposta bipartidarista apresentada por oito senadores. O senador democrata Richard Durbin sustentou que o processo poderia durar uns 10 anos, embora ainda não esteja definido.
Por sua vez, Robert Menendez declarou-se cautelosamente otimista sobre as negociações. O congressista observou que o caminho à cidadania também pode incluir os imigrantes centro-americanos, beneficiários do programa de Status de Proteção Temporal (TPS).
O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, disse que não se pode incentivar, separadamente, diferentes projetos de lei de imigração, pois a meta é uma reforma integral. Em entrevista para a rede ABC, no domingo passado, Reid afirmou que as duas câmaras do Congresso podem aprovar uma reforma migratória integral, apesar da oposição de legisladores republicanos, que são maioria na Câmara dos Representantes.
O presidente do Comitê Judicial da Câmara dos Representantes, Robert Goodlatte, perguntou durante uma audiência, nesta terça-feira, se é possível existir um ponto de equilíbrio entre os extremos relacionados a uma deportação massiva ou um caminho para a cidadania dos ilegais.
Apesar das diferenças, influentes líderes republicanos, como o senador Marco Rubio, apoiam um caminho à cidadania para os ilegais, assim como o líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes, Eric Cantor, respalda a medida para os que chegaram crianças no país.
Numa teleconferência, a secretária-tesoureira executiva do Conselho Trabalhista do condado de Los Angeles, María Elena Durazo, manifestou, nesta quinta-feira, que o caminho para a cidadania aos imigrantes ilegais é crucial, pois não se deseja criar cidadãos de segunda classe.
Durazo informou que uma coalizão de associações, que inclui a central sindical AFL-CIO – a maior do país – realizará mobilizações nos Estados Unidos para conscientizar sobre a importância de uma reforma migratória e pedir para frear as deportações. Ela destacou que as conversas com os grupos empresariais continuam, para aparar diferenças sobre os futuros fluxos migratórios, que inclui a criação de um programa de trabalhadores hóspedes.
Pesquisas recentes, da rede “ABC News” e “The Washington Post”, e outra da empresa Gallup, mostraram que a maioria estadunidense apoia um caminho para a cidadania dos que estão em situação irregular, que cumpram certos requisitos, e também apoia um maior controle das fronteiras.
O presidente estadunidense, Barack Obama, disse que dará um forte incentivo ao tema da reforma migratória e reconheceu que mesmo que a luta seja difícil, manterá esta batalha como prioridade de seu governo. “Obviamente o crescimento da economia é prioridade, mas garantir oportunidades para todos também é importante”, disse.
Na comunidade de Leesburg, Virgínia, onde delineou os temas de sua segunda administração, o mandatário se disse satisfeito pela antecedente caminhada na discussão. Em particular, fez alusão à aliança entre democratas e republicanos no Senado, na qual um grupo de oito legisladores, de ambos partidos, ofereceu uma lista de princípios como ponto de partida.
No entanto, até agora, a proposta parece não ter encontrado o mesmo eco bipartidarista na Câmara dos Representantes, onde existem reservas em relação ao tema da cidadania para os imigrantes ilegais.
Os filhos dos imigrantes nos Estados Unidos alcançam um nível de vida superior ao de seus pais, e muito semelhante ao das outras pessoas nascidas neste país, segundo uma análise divulgada, nesta quinta-feira, pelo centro de estudos demográficos Pew Hispanic.
Os imigrantes adultos da segunda geração, um grupo de 20 milhões de pessoas nascidas nos Estados Unidos, com ao menos um dos pais estrangeiro, ganham mais dinheiro, possuem maior nível educativo e conseguem comprar uma moradia, apontou o estudo, com base em números do censo.
Deste grupo, que em média ganha, anualmente, 58 mil dólares, 36% possuem curso universitário, 64% são proprietários de suas casas e 11% são pobres, semelhante ao estadunidense médio, que ganha de 58 a 200 mil dólares por ano, sendo que 31% contam com qualificações profissionais, 65% possuem seu imóvel e 13% são pobres.
Em contraste, os imigrantes adultos, não nascidos no país, recebem em média 45 mil dólares ao ano, 29% possuem título universitário, 51% são donos de sua moradia e 18% estão na pobreza.
Segundo os últimos números do censo, em 2010, ao redor de 40 milhões de estrangeiros viviam nos Estados Unidos, contando residentes legais, temporais, refugiados e ilegais. Sete em cada dez são latinos ou asiáticos.
Dois terços dos imigrantes da segunda geração se consideram típicos estadunidenses, afirmando conviver bem com outros grupos étnicos, e 15% possuem uma parceira de outra raça.
Nove em cada dez pessoas nascidas no país, tendo ao menos um dos pais estrangeiros, falam fluentemente o inglês, mas conservam a linguagem de seus progenitores. Oito em cada dez dizem que falam muito bem o espanhol.
Conhecer as características dos imigrantes da segunda geração é uma questão chave, uma vez que este grupo terá um impacto significativo na economia e na política do país nas décadas que virão, destacou o Pew Hispanic.
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Senadores democratas defendem reforma migratória integral nos Estados Unidos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU