16 Janeiro 2013
A Igreja católica da Guatemala suspendeu de suas funções o sacerdote Mario Orantes, que está sendo julgado por um tribunal eclesiástico pelo assassinato, em abril de 1998, do bispo Juan Gerardi, ato mediante o qual recuperou sua liberdade na semana passada, informou hoje uma fonte religiosa.
A informação é de publicada por Religión Digital, 11-01-2013. A tradução é de Anete Amorim Pezzini.
O sacerdote Eddy Calvillo, um membro do tribunal eclesiástico, na qualidade de “promotor de Justiça”, disse aos jornalistas que, na terça-feira passada, Orantes foi notificado da decisão da hierarquia católica de suspendê-lo de suas funções sacerdotais.
A suspensão, afirmou Calvillo, terá vigência até que o tribunal eclesiástico emita sua decisão a respeito do processo que foi iniciado esta semana para determinar, com base no Direito Canônico, sua responsabilidade na morte de Gerardi.
Desde que deixou a prisão, no dia 4 de janeiro passado, depois de ser beneficiado com a comutação de sua pena de vinte anos de prisão, Orantes recusou-se a dar declarações a respeito do novo processo a contra ele.
O tribunal eclesiástico que processa Orantes está integrado por três juízes, dois promotores de Justiça (Fiscais) e dois notários, assim como um advogado de defesa, que deverá ser proposto pelo réu, todos eles sacerdotes.
O Arcebispo Metropolitano da Guatemala, Oscar Julio Vian, disse na segunda-feira aos jornalistas que, se for julgado culpado, Orantes poderá ser expulso da Igreja Católica.
Orantes que, em 2001, foi condenado a vinte anos de prisão por cumplicidade no assassinato do bispo Gerardi, recuperou sua liberdade na sexta-feira passada, depois de haver cumprido onze anos de prisão, por ser favorecido por um tribunal de Execução Penal que o beneficiou com a comutação de sua pena por “bom comportamento”.
Em 23 de novembro passado, Orantes foi favorecido com a comutação de sua pena pelo Tribunal Primeiro de Execução Penal, por bom comportamento e trabalhos em benefício comum, realizados na prisão onde esteve recluso por onze anos.
Em julho passado, esse mesmo benefício foi concedido ao coronel aposentado Byron Lima Estrada, que havia sido condenado em 2001 a vinte anos de prisão pelo assassinato do prelado.
Gerardi, bispo auxiliar da Guatemala, foi espancado até a morte em 26 de abril de 1998, dois dias depois de tornar público seu relatório sobre Recuperação da Memória do Silêncio: Guatemala Nunca Mais (REMHI), em que documentou mais de 54.000 violações dos direitos humanos durante a guerra civil guatemalteca (1960-1996).
O assassinato do bispo tem sido considerado como uma retaliação de parte de um grupo radical das Forças Armadas, devido ao REMHI ter atribuído a autoria da maioria dos atos, inclusive os assassinatos de civis, ao Exército.
O capitão Byron Lima Oliva, que também foi condenado a vinte anos de prisão por esse assassinato, ainda permanece na prisão, cumprindo a sentença, já que, em duas ocasiões, a Justiça negou conceder-lhe a comutação da pena.
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A Igreja da Guatemala suspende o sacerdote perdoado pelo assassinato de Gerardi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU