Homicídio de negro no Brasil é 132% maior

Mais Lidos

  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

30 Novembro 2012

O total de negros assassinados no Brasil é 132% maior do que o de brancos. Nos últimos oito anos, entre 2002 e 2010, enquanto o número de homicídios de brancos caiu, a morte de negros cresceu.

A reportagem é de Bruno Paes Manso e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 30-11-2012.

Em 2010, foram assassinados no Brasil 36 negros para cada 100 mil habitantes da mesma cor. A taxa de homicídios contra brancos foi de 15,5 por 100 mil. Na pesquisa, o grupo dos negros também inclui os pardos.

"A grande desproporção de negros assassinados em comparação aos brancos mostra que a discriminação no Brasil ainda é imensa", diz o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, autor do Mapa da Violência 2012 - A cor dos homicídios, feito em parceria entre o Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos (Cebela) e a Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial.

Essa diferença chega a ser escandalosa em Estados nordestinos. Alagoas é onde mais morrem negros, proporcionalmente, no Brasil: são 80,5 casos por 100 mil habitantes. Já o total de homicídios de brancos no Estado é baixo: 4,4 casos por 100 mil habitantes, o que o coloca como o segundo menos violento para brancos no Brasil.

A situação é semelhante na Paraíba, Estado onde brancos têm menor chance de ser assassinados no Brasil: 3,1 casos por 100 mil. O assassinato de negros é 1.824% maior: 60,5 casos por 100 mil habitantes.

Paulistas

Em São Paulo, apesar da situação ser menos dramática do que a do Nordeste, o total de negros assassinados é 32% maior do que a de brancos (12,2, contra 21,5). A situação piora em períodos de crise, como nos últimos seis meses, quando o crescimento dos assassinatos se acelerou. "Isso é reflexo de 500 anos de história, boa parte dela com escravidão e até hoje com negação de direitos. A morte de negros é tolerada e não choca", diz Douglas Belchior, da Uniafro e do Comitê de Luta contra o Genocídio da Juventude Negra.