Dividido, PT adia manifesto contra condenações no STF

Mais Lidos

  • De uma Igreja-mestra patriarcal para uma Igreja-aprendiz feminista. Artigo de Gabriel Vilardi

    LER MAIS
  • A falácia da "Nova Guerra Fria" e o realismo de quem viu a Ásia por dentro: a geopolítica no chão de fábrica. Entrevista com Eden Pereira

    LER MAIS
  • "No rosto de cada mulher violentada, vemos o rosto Cristo Crucificado". Carta Dirigida aos Homens

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

01 Novembro 2012

Dividido, o PT desistiu de divulgar hoje um manifesto contra a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão.

O texto, que atacaria a condenação de petistas como José Dirceu e José Genoino por corrupção ativa e formação de quadrilha, ficará para depois da definição das penas.

"Temos uma avaliação crítica do julgamento e vamos fazê-la assim que ele for concluído", disse ontem o presidente do PT, Rui Falcão, a correspondentes estrangeiros.

A reportagem é de Natuza Nery, Catia Seabra e Bernardo Mello Franco e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 01-11-2012.

Conforme interlocutores, o mais recente cálculo, já discutido com Lula e a presidente Dilma Rousseff, é que não se pode transformar 2013 numa batalha campal contra o Supremo nem trazer para o colo do partido o ônus dessa mobilização.

Essa ponderação não casa com a expectativa de aliados dos réus Dirceu e Genoino, que pretendem conflagrar a militância contra o tribunal.

Nas últimas semanas, o PT já conteve ataques ao STF para não prejudicar seus candidatos nas eleições. A principal preocupação era evitar desgastes para Fernando Haddad em São Paulo.

Agora, após a vitória do ex-ministro, petistas evitam expor o sentimento de revanche. O partido deve se solidarizar com os condenados atacando a "politização" do julgamento, mas não fará campanha permanente por eles.

Eventuais iniciativas contra a decisão do STF, como campanhas por anistia ou recursos a cortes internacionais, não deverão ser lideradas pelo PT, e sim pelos réus.

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) pedirá que a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara investigue o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que sustentou a acusação aos petistas no julgamento.

A instituição divulgou recentemente uma cartilha para crianças explicando o mensalão. "Ele queria interferir no processo eleitoral e isso não pode", diz o petista.

Segundo um ministro petista, a ordem é agir com mais "cérebro" e menos "fígado".

Por ora, o único elemento capaz de reverter essa disposição seria a hipótese de o ex-presidente Lula virar alvo. Nesse caso, até mesmo a presidente Dilma tenderia a entrar no circuito para defender o antecessor.

"O PT não está em julgamento. Quem foi julgado foram alguns militantes do PT. Há uma tentativa de transformar o julgamento de pessoas em julgamento do partido", disse Falcão ontem.

"Isso [o mensalão] nunca foi comprovado. Isso é uma narrativa que foi feita e não há comprovação material de compra de votos. Há suposições e ilações", afirmou.

Ao falar sobre segurança pública, o presidente do PT repetiu a máxima de que no Brasil só vão presos "três Ps", vistos como "inimigos em potencial": pobres, pretos e prostitutas. "Agora acrescentaram outro P, que são os petistas", disse Falcão.

SEM EXPULSÕES

O dirigente disse anteontem a deputados que o artigo do estatuto do PT que prevê a expulsão de filiados que cometerem "crimes infamantes" não será usado contra os réus do mensalão. "Não se aplica a nenhum deles", disse. "Quem aplica o estatuto somos nós. E somos nós que interpretamos o estatuto."