Por: Cesar Sanson | 30 Outubro 2012
“Estamos sendo encurralados, prejudicados, massacrados através dos jornais e das decisões dos juízes”, afirma Ládio Veron em depoimento à Carta Maior. Ládio viajou a São Paulo para aumentar a rede de solidariedade aos guarani kaiowás. Ele reforçou que a luta do seu povo não é somente contra os despejos, mas pela demarcação definitiva das terras indígenas. Segundo ele, há 49 aldeias prontas para serem reconhecidas como terra indígena, mas foram embargadas pelo STF.
A reportagem é de Fábio Nassif e publicado pela agência Carta Maior, 29-10-2012.
“Estamos sendo encurralados, prejudicados, massacrados através dos jornais e das decisões dos juízes”. A frase de Ládio Veron em depoimento para a Carta Maior vem para reforçar uma carta escrita por indígenas guarani kaiowás de Pyelito Kue, no Mato Grosso do Sul, sobre a disposição de lutarem até a morte caso tentem despejá-los de suas terras, conforme indica decisão da Justiça Federal de Navirai-MS, em 29 de setembro. A situação jurídica do local segue em impasse, assim como das aldeias Passo Pirajú e Potrero Guasu.
Ládio viajou a São Paulo nesta sexta-feira (26) com intuito de aumentar a rede de solidariedade aos guarani kaiowás. Ele reforçou que a luta do seu povo não é somente contra os despejos, mas pela demarcação definitiva das terras indígenas. Segundo a liderança, existem 49 aldeias prontas para serem reconhecidas como terra indígena, mas foram embargadas pelo Supremo Tribunal Federal. A demora da Funai para realização dos estudos antropológicos também é motivo, segundo ele, para o aumento dos conflitos.
“A cana que hoje está sendo plantada lá e colhida como etanol já é misturada com sangue indígena Guarani Kaiowá”, disse o cacique. Ele se refere ao peso do agronegócio na região que teve uma guinada após acordo do ex-presidente brasileiro Lula com ex-presidente dos Estados Unidos Georg Bush sobre a produção de biocombustíveis.
As ameaças e os despejos em si são constantes na região. Nos últimos dez anos, a quantidade de terras demarcadas diminuiu, e, assim, aumentou a instabilidade dessas populações. Quando não são praticados oficialmente, os despejos são realizados à bala por jagunços, como relatam os próprios indígenas.
A ausência de floresta para sua subsistência, a utilização de agrotóxico nas plantações de cana e soja que contamina o solo e gera doenças, as ameaças de morte e diversos tipos de violência praticadas contra esta população são marcas do Mato Grosso do Sul. Nesta mesma quarta-feira (24), uma indígena de Pyelito Kue foi abusada sexualmente por oito homens em uma fazenda, conforme denunciaram os indígenas. Aquele é o estado com maior índice de indígenas assassinados - cerca de 500, sendo 270 lideranças, em dez anos.
Diante da boa receptividade da luta dos indígenas nas redes sociais, várias atividades foram programadas. Em 18 cidades foram agendados atos de solidariedade, entre os dias 27 de outubro e 9 de novembro. As iniciativas podem ser conhecidas no site http://solidariedadeguaranikaiowa.wordpress.com, assim como os apoiadores das causas dos guarani kaiowás podem tomar contato com suas ações pelo perfil do Aty Guasu no Facebook.
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Morreremos por nossas terras, diz liderança Guarani Kaiowá do MS - Instituto Humanitas Unisinos - IHU