'Mensalão foi possível por um desvio ideológico'

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10 Outubro 2012

Na avaliação do cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o mensalão, com a condenação dos réus, atinge o PT de forma dramática. O início de tudo, acredita, foi uma certa arrogância ideológica de esquerda, que levou à desqualificação dos participantes do jogo parlamentar.

A entrevista é de Roldão Arruda e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 10-10-2012.

Eis a entrevista.

De que forma as condenações atingem o PT?

É algo claramente negativo e que leva a uma leitura importante de sua história: o mensalão só foi possível em decorrência de uma espécie de desvio ideológico, a arrogância produzida por certa autoimagem ideologicamente condicionada, que levou à desqualificação dos outros participantes do jogo parlamentar, considerados burgueses, e à ideia de que o melhor a se fazer era comprar sua lealdade. É um cinismo autorizado, um maquiavelismo de araque, em função de objetivos considerados maiores, com a ideia de que os fins justificam os meios.

O partido mudou depois disso?

O resultado dramático desse processo levou o partido à moderação, à aceitação do jogo social-democrático. A ideia de social-democracia, com a moderação e a renúncia a meios considerados revolucionários, era um anátema no PT. Foi uma evolução positiva, embora só tenha ocorrido após o erro que custou muito caro ao partido e causou prejuízos ao governo Lula.

E a influência de José Dirceu no PT? Diminui?

É difícil avaliar. Uma certa militância, mais fiel, deve desqualificar a importância da condenação. Pode até transformá-lo numa espécie de herói da caminhada. Mas será muito difícil para ele continuar exercendo sua liderança.

Acha que Dirceu é o mentor do mensalão?


Um dos mentores. Essa mescla de disposição ideológica, ânimo realista e busca de eficiência, que levou ao mensalão, é muito singular dele.