Por: Cesar Sanson | 08 Outubro 2012
A menos que vença todas as disputas em que concorrerá no segundo turno nas capitais brasileiras, o PT encolherá no conjunto dessas cidades. Já o PSDB, caso prospere em todos os segundos turnos que disputará, poderá ampliar em mais de quatro vezes sua presença nas prefeituras de capitais.
A reportagem é de João Fellet e publicada pela BBC Brasil, 08-10-2012.
Com a apuração das eleições municipais quase encerrada, o PT vencia no primeiro turno em apenas uma capital, Goiânia, onde Paulo Garcia foi reeleito. A sigla levou ao segundo turno seis candidatos. A lista inclui o petista Fernando Haddad em São Paulo. Nas últimas pesquisas antes da eleição, ele aparecia em terceiro lugar. Se todos os petistas vencerem seus embates, a sigla terá sete prefeitos em capitais, mesmo número que possui hoje.
O PSDB também elegeu apenas um candidato no primeiro turno – Rui Palmeira, em Maceió. O partido, porém, obteve resultado superior ao PT quanto ao número de candidatos classificados para o segundo turno: são oito, entre os quais José Serra em São Paulo. Caso todos os tucanos ganhem, o partido poderá alcançar nove prefeituras de capitais; hoje, governa apenas duas.
Para Maria do Socorro Souza Braga, professora de ciências políticas da USP, a piora no desempenho do PT pode ser explicada pela repercussão do julgamento do mensalão. Ela avalia que a provável condenação de figuras chave do partido, como José Dirceu e José Genoino, pode ter prejudicado a imagem do PT perante seus eleitores tradicionais. "Levará tempo até que o partido reconstrua sua imagem", diz Braga.
Segundo ela, em algumas capitais brasileiras, as últimas eleições já haviam mostrado uma tendência de rejeição maior ao partido. "Com esse julgamento, o movimento ganhou dimensão nacional".
BH e Recife
Embora PSDB e PT liderem em número de candidatos no segundo turno das capitais, os partidos que levaram mais prefeituras de capitais no primeiro turno foram o PSB (Belo Horizonte e Recife) e o PMDB (Rio de Janeiro e Boa Vista).
Em Belo Horizonte, o pessebista Márcio Lacerda se reelegeu com 53% dos votos. A vitória representou um triunfo não só do PSB, mas também do senador tucano Aécio Neves, que apoiou Lacerda contra o candidato do PT, Patrus Ananias (41%).
Em seu mandato anterior, Lacerda também contava com o apoio do PT. A saída do partido da coalizão foi atribuída a pressões de Aécio.
Segundo Bruno Wanderley Reis, cientista político da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), com o gesto, o senador tucano buscava aparecer como o principal fiador da vitória de Lacerda e criar uma tensão entre o PSB e o PT, aliados na coalizão do governo Dilma Rousseff. Além disso, diz Reis, Aécio queria cultivar uma aliança com o principal líder do PSB, o governador pernambucano, Eduardo Campos. O cientista político afirma que Aécio age para pavimentar seu caminho para se lançar à Presidência, em 2014.
"Se o Aécio tiver o apoio ou, pelo menos, um salvo-conduto do Campos para fazer campanha do Nordeste, isso facilitará bastante a sua vida." No Recife, PT e PSB também desfizeram a aliança que mantinham antes da eleição e concorreram com candidatos próprios.
Afilhado político de Campos, o pessebista Geraldo Júlio foi eleito com 51% dos votos. Humberto Costa, do PT, ficou em terceiro, com 17%.
Além das duas capitais em que venceu, o PSB classificou dois candidatos ao segundo turno. Hoje, o partido governa quatro prefeituras de capitais brasileiras.
Entre os demais partidos, PP, DEM, PMDB e PDT elegeram, cada um, um candidato no primeiro turno.
Depois de PSDB e PT, as siglas que mais classificaram políticos para o segundo turno nas capitais foram PMDB (3), PDT (3) e PSB (2).
PV, PSC, PPS, DEM, PTB, PTC e PP terão um candidato cada no segundo turno.
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PSDB e PT são os partidos com mais candidatos no segundo turno das capitais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU