06 Outubro 2012
No momento em que o debate homossexual esquenta nos ambientes católicos, um membro do conselho de administração da Conferência Católica dos Batizados Francófonos (CCBF) nos oferece 130 páginas de uma reflexão aprofundada e comedida.
A reportagem é de Monique Hébrard, publicada no sítio Baptises.fr, 29-09-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Claude Besson fala com autoridade: autoridade que lhe vem de 12 anos de escuta e de diálogo com homossexuais cristãos dentro da associação Réflexion et Partage (Reflexão e partilha), cofundada por ele. E também uma autoridade que lhe vem da reflexão, porque Claude Besson não é de fato um ideólogo, mas sim um homem de oração e de fraternidade.
Quando se ouvem com respeito pessoas homossexuais que querem viver a sua fé cristã e permanecer em relação com a Igreja (e são mais numerosas do que se poderia pensar), somos obrigados a admitir que é necessário que a Igreja evolua se quiser deixar de ferir cristãos autênticos e anunciam uma mensagem evangélica compreensível.
Reconhecemos, sobretudo, que não sabemos muitas coisas sobre a origem da homossexualidade e que devemos reconhecer que ela faz parte da identidade dessas pessoas que não têm "escolha". Alguns tentaram mudá-la e não conseguiram. Portanto, devem conviver com ela. Muitas vezes, criticam-se os casais homossexuais por não viver a alteridade. Um mínimo de escuta prova o contrário: a relação com outra pessoa, independentemente da sua identidade, é sempre um lugar de alteridade.
Levando em consideração os textos do magistério, Claude Besson constata que a posição da Igreja Católica não mudou, apesar da notável contribuição das ciências humanas. Ela acolhe pessoas, mas considera a homossexualidade uma patologia. Só raríssimos bispos e teólogos (Xavier Thévenot, Véronique Margron...) permitiram que a reflexão progredisse. A Bíblia fala pouco da homossexualidade e quando o faz não é para condená-la diretamente. É preciso levar em conta o contexto.
A Igreja, portanto, deve fazer perguntas abordando novamente o problema desde o início: como ajudar as pessoas homossexuais a assumir a sua sexualidade de maneira responsável, a viver a alteridade da melhor forma possível, a ser fiéis a Cristo assumindo o que não podem negar? "As pessoas homossexuais estariam fora, talvez, do amor de Deus?"
Os testemunhos coletados nesse livro provam o contrário. "Há um lugar para as pessoas homossexuais nas nossas comunidades cristãs?" Sabemos que essas pessoas são acolhidas na igreja de Saint-Merry, em Paris, mas em quantas outras igrejas se ousa pronunciar essa palavra?
Longe da polêmica, no respeito às pessoas e à Igreja, esse livro convida a abrir um grande laboratório de reflexão com a perspectiva de uma "lei natural" que deixe a última palavra a "Jesus Cristo, plenitude de toda lei" e que permita que se curem as pessoas e os casais homossexuais, e que se as acompanhe com uma palavra ética compreensível e eficaz.
Esse livro, ao mesmo tempo corajoso e comedido, oferece ao debate um toque raro. Ele será muito útil aos responsáveis pastorais e também aos pais que descobrem que um de seus filhos é homossexual.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Homossexuais católicos: saindo do impasse - Instituto Humanitas Unisinos - IHU