Por: Jonas | 22 Setembro 2012
Religión Digital, em coedição com a Herder, irá publicar o novo livro de Juan Masiá sj, sobre bioética: Cuidar la vida. Debates bioéticos. O autor disse que seu livro nasce de conversas sobre vida e ética. Entramos em seu debate para lhe fazer perguntas que sirvam para a apresentação do livro.
A entrevista é publicada pelo sítio Religión Digital, 18-09-2012. A tradução é do Cepat.
Eis a entrevista.
Juan, primeiro de tudo, à queima-roupa, qual é a novidade, o mais original de seu livro?
Não quero prever originalidade. A maioria dos enfoques é tão tradicional como os de nossos moralistas clássicos. A ponderação de Francisco de Vitória para respeitar a dignidade no morrer e renunciar ao prolongamento sem sentido da vida; a flexibilidade de Tomás de Aquino para admitir exceções até nos princípios mais sagrados, com o cuidado de respeitar os atenuantes das pessoas; ou a lucidez de Suárez para não confundir o crime com o pecado e não usar a lei penal para controlar a moralidade.
Você está citando os teólogos. Escreve para um público crente?
Não, ao contrário, escrevo para um público semelhante ao que participava das conversas que resultaram neste ensaio. Um público plural, algumas pessoas mais tradicionais e outras mais revisionistas, algumas crentes e outras não crentes, algumas que ocupavam assentos muito diferentes nos dois extremos do arco parlamentar,... mas, com um ponto em comum: crer no diálogo sem crispação, levando a sério a ciência e a busca do consenso ético, sem pressões de afiliação política ou dogmatismos religiosos. E convergindo em alguns critérios e valores básicos, embora se discorde em suas aplicações.
Uma ética do consenso, a conciliação ou o compromisso?
Mais precisamente, daria três chaves: uma ética dialogal, responsável e plural. Dialogal e não dogmática (nem política, nem ideológica, nem religiosamente). Responsável, ou seja, que responde ao chamado da própria consciência para respeitar a dignidade das pessoas e a justiça de suas relações. E plural: capaz de admitir diferentes respostas, igualmente corretas, para problemas semelhantes; capaz de tirar dos mesmos princípios diferentes conclusões, segundo as circunstâncias.
Um exemplo?
Imagine que esse público ideal está debatendo sobre a legalização do casamento homossexual. Pode haver diversidade de pareceres acerca da conveniência de sua legalização; ou se deve se chamar matrimônio ou não; ou sobre a sua base antropológica ou a respeito da sua valorização a partir de perspectivas religiosas. Não é de estranhar essa diversidade, pois são questões controvertidas que não estão, definitivamente, completamente resolvidas, são discutíveis e debatíveis. No entanto, esse público plural, capaz de expressar com clareza seus pareceres e contrastá-los com os opostos, sem renunciá-los, pode convergir responsavelmente numa dupla conclusão: que é preciso respeitar incondicionalmente a dignidade das pessoas e suas relações, sem qualquer discriminação, por razão de sua orientação sexual, e que não é razoável se manifestar com agressividade contra aquilo que o consenso democrático, numa sociedade plural, legisle sobre o assunto.
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“É necessária uma ética dialogal, responsável e plural”, afirma Juan Masiá - Instituto Humanitas Unisinos - IHU