Por: Jonas | 19 Setembro 2012
A resposta do bispo Bernard Fellay (foto), superior da Fraternidade São Pio X, a respeito do “preâmbulo doutrinal” que lhe foi entregue no Vaticano, no dia 13 de junho, ainda não chegou a Roma. “É claro que agora a bola está no campo da Fraternidade”, havia comentado, depois do encontro, o padre Frederico Lombardi. Além disso, era sabido que seria difícil que chegasse uma resposta antes da realização do capítulo geral dos lefebvrianos, que aconteceu em princípios de julho. E embora tenham passado mais de dois meses da entrega do documento doutrinal, no Vaticano não existe nenhuma pressa.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 17-09-2012. A tradução é do Cepat.
Não se deve esquecer, sobretudo, que após o encontro do dia 13 de junho, o Papa trocou as cúpulas da Congregação para a Doutrina da Fé e da Pontifícia Comissão, que se encarregam do diálogo com os lefebvrianos, com as nomeações do arcebispo Gerhard Ludwig Müller como prefeito, no lugar do cardeal William Levada, e do arcebispo Joseph Augustine Di Noia, como vice-presidente da “Ecclesia Dei”. Desta maneira, os interlocutores romanos, com os quais Fellay terá que dialogar, já não são os mesmos de três meses atrás.
Além disso, a Santa Sé sabe o quanto é delicada a situação interna na Fraternidade São Pio X. Sabe da existência de uma corrente contrária ao acordo com Roma, bem como, por outra parte, que há um grupo de sacerdotes que não quer ser penalizado pelas decisões radicais de alguns de seus membros. Em alguns distritos da América Latina há muita preocupação, e se espera que haja uma sanção contra o bispo Richard Williamson, adversário de Fellay. Antes de outubro, é muito provável que o Vaticano não pressione para obter uma resposta clara da Fraternidade em relação ao “preâmbulo doutrinal”.
Como se pode recordar, além do “preâmbulo” da Congregação para a Doutrina da Fé, aprovado pelo Papa (no qual se incluíam algumas mudanças às sugestões do próprio superior lefebvriano, mas não todas as que ele desejava), em junho, Fellay tinha recebido o rascunho com a proposta para a regularização canônica da Fraternidade como uma prelazia pessoal.
Naquilo que o Vatican Insider pôde apurar, a esperada resposta de Fellay ainda deveria contemplar algumas condições. Quando se trata de petições no âmbito pastoral ou disciplinar, a Santa Sé está disponível a levá-las em consideração. Após o capítulo geral de julho, foram expressas algumas condições. As três primeiras, consideradas “irrenunciáveis”, tem a ver com a “liberdade” para “corrigir, repreender, inclusive em público, aos causadores de erros ou das novidades do modernismo, do liberalismo, do Concílio Vaticano II e de suas consequências”. A segunda, ao contrário, relaciona-se com “o uso exclusivo da liturgia de 1962”. A terceira é “a garantia de pelo menos um bispo”. Havia, também, outras condições menos importantes, como a possibilidade de ter tribunais eclesiásticos próprios, de primeira instância, ou a desobrigação das casas da Fraternidade da relação com os bispos diocesanos.
Em relação a muitos destes pontos, o acordo é possível e a Santa Sé está disposta a discutir, para fazer mudanças no rascunho a respeito da futura regularização canônica da São Pio X. Por outro lado, já não será possível abrir debates sobre as questões doutrinais, formuladas no “preâmbulo”. Os lefebvrianos deverão aceitar o “motu proprio Summorum Pontificum” e, portanto, embora possam celebrar com o missal antigo (forma extraordinária do rito romano), terão que reconhecer que a forma ordinária é a que marcou a reforma pós-conciliar, cuja validade não se pode colocar em dúvida.
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As “condições” de Fellay, superior da Fraternidade São Pio X - Instituto Humanitas Unisinos - IHU