14 Setembro 2012
Num duro revés para a oposição, o candidato à Presidência da Venezuela, Henrique Capriles, demitiu ontem um de seus homens fortes da campanha após chavistas exibirem vídeo no qual o aliado recebe envelopes de dinheiro em seu nome. Nas imagens, o deputado Juan Carlos Caldera, representante de Capriles no Conselho Nacional Eleitoral (CNE), conversa com emissário que pede um encontro entre seu "chefe" - um bilionário com laços íntimos com o chavismo, segundo o próprio deputado diria depois - e o candidato da oposição.
A reportagem é de Flávia Marreiro e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 14-09-2012.
Caldera sugere que as entregas de dinheiro sejam mensais e que a reunião com Capriles aconteça no exterior, por segurança. "Creio que ele [Capriles] queria ir ao Brasil."
Momentos após a denúncia, Capriles usou a TV opositora Globovisión para demitir o auxiliar. "O deputado está fora do projeto [...] Não tem direito de usar meu nome. Nenhuma pessoa tem direito de usar meu nome para obter benefícios pessoais."
Horas depois foi a vez de Caldera dizer à imprensa que o dinheiro, segundo ele o equivalente a R$ 18,6 mil, era para sua campanha, e não para a de Capriles. Ele é candidato da oposição a prefeito de Sucre, um dos municípios que formam Caracas.
Caldera disse que o "chefe" do vídeo é Wilmer Ruperti, o maior transportador privado de petróleo da Venezuela e proeminente "boligarca", o apelido dos que fizeram fortuna nos anos Chávez.
Em julho, Chávez agradeceu a Ruperti por doar "à nação" pistolas que pertenceram ao prócer venezuelano Simón Bolívar (1783-1830) - foram arrematadas num leilão por R$ 3,2 milhões.
"Ruperti me disse que vê muita possibilidade de um triunfo de Capriles e que queria contribuir e se aproximar dele", disse Caldera ontem.
Na Venezuela só há financiamento privado para campanha, e a lista de doadores tem de constar de um registro entregue ao CNE. O conselho não revela os nomes.
Chavistas cobraram ontem investigação sobre a suposta "propina" recebida pelo deputado. Acusaram opositores de "extorquir" empresários.
Além de sugerir que o dinheiro entregue seria uma contribuição de campanha ilegal, o vídeo pode ser vinculado a outro crime se houver indícios de que o dinheiro veio do exterior. A lei veta financiamento estrangeiro.
Chávez é favorito para as eleições de 7 de outubro, mas, segundo pesquisas recentes, Capriles vinha diminuindo a distância do presidente.
Para se aproximar de Chávez, porém, Capriles precisa convencer especialmente indecisos ou chavistas "light".
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Rival de Chávez sofre revés com divulgação de vídeo de propina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU