Por: André | 24 Agosto 2012
Apesar de um crescimento econômico contínuo, pesquisas mostram que a “satisfação da vida” dos ocidentais estagnou. Por que o bem-estar não progride – ou mais – com as rendas? O que dizem sobre isso os economistas? Isabelle Cassiers e Catherine Delain respondem a estas questões em artigo publicado no Regards Économiques, n. 38, março de 2006. O periódico é do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IRES), da Universidade Católica de Lovaina. A tradução é do Cepat.
Isabelle Cassiers é pesquisadora qualificada pela FNRS e professora do Departamento de Economia da Universidade Católica de Lovaina (UCL - IRES); é também membro fundadora do Instituto para o Desenvolvimento Sustentável; Catherine Delain é licenciada em economia (UCL) e especialista no Serviço de Avaliação Especial da Cooperação ao Desenvolvimento, Serviço Público Federal de Assuntos Estrangeiros.
Eis o artigo.
Diz o ditado popular: o dinheiro não traz felicidade. O dinheiro designa aquilo que os economistas classificam com diversos registros – riqueza, renda, poder de compra, produto interno bruto (PIB) –, cujo desenvolvimento eles procuram, ao longo de séculos, compreender e estimular. Os fundadores da disciplina não se enganaram em relação a isso. John Stuart Mill, filósofo e economista, dissociava sua própria felicidade da satisfação de seus desejos. Adam Smith, bem antes dele, acreditava inclusive poder generalizar a seguinte constatação: "para quem busca a verdadeira felicidade da vida humana", os deserdados da terra são tão favorecidos quanto os grandes deste mundo; "em relação ao bem-estar do corpo e à paz de espírito, o mendigo que se aquece ao sol à beira da estrada possui a segurança por que se batem os reis" (1759-1999, p. 258).
Entretanto, grande parte da literatura econômica contemporânea sugere que o bem-estar aumenta com a renda, tanto para os indivíduos como para os países. Na microeconomia, a teoria das escolhas do consumidor afirma que a satisfação deste se dá em função do aumento das quantidades consumidas (Jacquemin e Tulkens 2001 p. 37). Na macroeconomia, admite-se geralmente que o consumo, tanto privado como público, determina os níveis de satisfação ou de bem-estar de que pode desfrutar a população do país e que o objetivo do crescimento econômico é o bem-estar futuro dos países (ibid. pp. 410 e 425). [1] Um estudo recente da OCDE confirma e especifica esta observação: "A literatura econômica afirma que os indivíduos tiram do bem-estar a satisfação de seus desejos e o fazem de acordo com preferências próprias." Na prática, como o grau de satisfação das preferências individuais não pode ser observado diretamente, qualquer avaliação do bem-estar deve basear-se sobre aproximações.
A aproximação mais comum é com a renda: no que diz respeito aos indivíduos, a renda reprime a capacidade de consumo; em nível de país, a produção de bens de consumo e de investimento contribui para o bem-estar presente e futuro dos indivíduos. "As quantidades são valorizadas a preços de mercado que os equilibram, refletem a contribuição marginal dos diferentes bens consumidos para a utilidade [2] dos indivíduos" (Boarini et al. 2006 p. 6). Utilidade, satisfação das necessidades ou dos desejos, talvez ainda não signifique felicidade, mas se aproximam, segundo um continuum difícil de especificar: "O 'bem-estar' é uma noção complexa. Sua definição varia de um dicionário para outro, mas geralmente envolve os conceitos de prosperidade, saúde e felicidade" (OCDE 2006, p. 134).
Assim, o economista se encontra, muitas vezes, quer queira quer não, embarcado no tema da felicidade. Se o conjunto da disciplina proclama que o consumidor é insaciável, que a satisfação da população aumenta quando sua renda aumenta, os governos e as instituições internacionais parecem estar autorizados a colocar de maneira recorrente o crescimento econômico entre os seus objetivos prioritários, em nome dos povos e de seu bem-estar.
Algumas vozes bem conhecidas indicaram esta concordância. Devemos lembrar de Os limites do crescimento lançado em 1972 pelo Clube de Roma, as tentativas dos movimentos ambientalistas para promover uma compatibilidade do desenvolvimento sustentável, ou ainda a publicação pelas Nações Unidas, desde 1990, de um indicador de desenvolvimento humano (IDH do PNUD) que associa ao tradicional PIB índices de qualidade de vida (longevidade e educação). Mais recentemente, a multiplicação de estudos de economistas com vistas a explorar a temática da felicidade ou da satisfação da vida parece testemunhar a urgência da questão. [3] A OCDE não está insensível a esse tema, pois acaba de consagrar à discussão dos indicadores alternativos ao bem-estar não apenas um estudo interno (Boarini et al. 2006), mas também um capítulo de seu segundo e oficial Objetivo Crescimento (OCDE 2006, capítulo 6). A organização elenca as várias razões pelas quais a renda oferece apenas uma abordagem muito tendenciosa para o bem-estar. A revista The Economist (9-02-2006) congratula-se com o fato: "A OCDE deve ser parabenizada por ser a primeira organização do mainstream a colocar em questão os dados convencionais do PIB". Na sua apresentação do Objetivo Crescimento, o economista-chefe da OCDE não exclui "o fato de que um aumento do PIB per capita, a partir de um nível já elevado, tenha um efeito decrescente sobre o bem-estar", mas desemboca, algumas linhas mais adiante, na conclusão, paradoxal para o leitor atento, de que "o indicador do bem-estar menos imperfeito continua a ser talvez o PIB per capita" (Cotis 2006). A igreja do crescimento deixar-se-á colocar no centro da aldeia dos economistas?
Este reajuste torna-se cada vez mais difícil. Na verdade, como não ser interpelado pela comparação, nos países ocidentais, de duas evoluções, apresentadas nos gráficos abaixo: por um lado, pelo PIB per capita, em forte crescimento, e, por outro, pela avaliação subjetiva da "satisfação da vida", na maioria das vezes estagnada?
PIB real por habitante (em milhões de dólares GK, escala da direita) e avaliação da satisfação da vida (SV) média (escala da esquerda)
Fontes: PIB: GGDC (2006); SV: European Commission (1973-2005) e Veenhoven (2006)
Após uma análise atenta desses gráficos e de precisões metodológicas que ela pede (seção 1), propomos nas páginas seguintes uma visão geral das principais razões dadas por algumas correntes da literatura econômica para explicar o hiato entre crescimento e felicidade, entre o PIB e a satisfação da vida. Sem nos debruçarmos sobre as tradicionais críticas à contabilidade nacional, já bem conhecidas, nós agrupamos os argumentos em dois pontos principais. [4] O primeiro ponto explora o fato de que toda riqueza é relativa: ela é apreciada com base na comparação com os outros ou com uma situação passada (seção 2). O segundo ponto trata das razões da satisfação da vida que não dizem respeito à riqueza material ou que são inclusive negativamente correlatas ao crescimento econômico (seção 3).
1. A"satisfação da vida" dos ocidentais não aumenta mais
Desde a Segunda Guerra Mundial, os países ocidentais experimentaram um crescimento econômico impressionante. De 1958 até 2004, o PIB per capita triplicou nos Estados Unidos e na maioria dos países europeus, inclusive na Bélgica; foi multiplicado por seis no Japão (GGDC 2006). A vida material das populações transformou-se a um ritmo sem precedentes na história. Os americanos, os europeus, em geral, e os belgas, em particular, e os japoneses estão cada vez mais satisfeitos com a vida que levam? "Não", parece ser a resposta das pesquisas: com poucas exceções, a avaliação da sua satisfação da vida, de resto relativamente alta, é constante ao longo do tempo.
Easterlin (1974) foi o primeiro a chamar a atenção dos economistas para as pesquisas de satisfação da vida, disponíveis no longo prazo para os Estados Unidos e o Japão (World Database of Happiness) e feitas na Europa desde 1973 graças ao Eurobarômetro. Pesquisas muito mais pontuais completam o quadro para outros países do mundo. Como seu nome indica, a satisfação da vida é uma avaliação feita pela pessoa pesquisada da satisfação global da vida. Em resposta à pergunta “você está globalmente satisfeito com a vida que tem?”, as pessoas pesquisadas devem situar-se em uma escala que vai de 1 a 4: muito insatisfeito (1), pouco insatisfeito (2), pouco satisfeito (3), muito satisfeito (4). O conceito de satisfação da vida tem todos os ingredientes para interessar ao economista, que sempre considerou que só o indivíduo está apto para avaliar o bem-estar proporcionado pelos diversos comportamentos. Além disso, e nisso reside o grande trunfo da disciplina, os resultados das pesquisas são traduzidos em números.
Os resultados destas pesquisas são interessantes sob dois aspectos: os dados transversais permitem comparar a satisfação da vida de diversas populações no mesmo tempo; as séries cronológicas informam sobre a evolução da satisfação da vida de uma determinada população ao longo do tempo. A questão é sempre a mesma, as respostas parecem prestar-se à comparação. O primeiro caso, entretanto, tem a desvantagem de ser muito mais dependente das variações culturais.
Num determinado tempo, a correlação entre o nível da renda de um país e a satisfação da vida de sua população não está claramente estabelecida. D. de la Croix e S. Deneulin (1996 p. 153), que haviam chamado a atenção para essa questão há 10 anos, observaram: "entre os diferentes países, não parece haver uma forte correlação entre a renda per capita e os resultados das pesquisas sobre a satisfação". Easterlin (1974) pronuncia-se pela falta de correlação com base em uma amostra de 14 países. Segundo Veenhoven (1991) e Inglehart (1988) “há, entretanto, uma correlação significativamente positiva, embora subsista uma grande dispersão: alguns países pobres com níveis mais elevados de satisfação que países desenvolvidos". [5] Por exemplo, a satisfação da vida média dos brasileiros é muito maior que a dos japoneses, apesar de terem uma renda per capita significativamente menor. Sem dúvida, deve-se ler nisso uma abordagem diferente da vida... Conclusões semelhantes às dos autores acima citados emergem, na nossa opinião, dos dados apresentados mais recentemente por Frey e Stutzer (2002), embora a questão possa ser objeto de controvérsias. [6] Nós não vamos nos demorar nessa questão; preferimos, ao contrário, dar mais espaço aos dados cronológicos de alguns países ocidentais, mais completos, mais confiáveis e mais próximos da nossa realidade.
Os gráficos acima reproduzem a satisfação da vida assim como se realça em média nos Estados Unidos, no Japão e em vários países da Europa. Na maioria dos países ricos, a população está "bastante satisfeita" com a vida que leva: as médias se situam mais frequentemente em torno de 3. Podemos observar algumas variações nacionais: o dinamarquês médio está mais satisfeito com a sua vida do que o japonês ou o norte-americano médio, embora tenham uma renda per capita semelhante (vs Japão, final do período) ou inferior (vs EUA). A constatação que mais nos interessa aqui e que chama a atenção de vários autores [7] é que, de maneira quase geral, 30 (ou até mesmo 50) anos de crescimento econômico sustentado não aumentaram a avaliação subjetiva da satisfação da vida. Nesta matéria, o caso belga não é muito satisfatório: desde o primeiro choque do petróleo, o PIB per capita aumentou 80%, mas a satisfação da vida diminuiu 8,8% em média.
Uma observação metodológica se faz necessária: por construção, as duas variáveis reproduzidas nestes gráficos não podem aumentar nas mesmas proporções, sendo uma delimitada e a outra não: o PIB pode aumentar infinitamente, ao passo que a satisfação mais perfeita, o ponto nirvana, é, de ano para ano, representada pelo número 4. Não devemos, portanto, esperar para essas duas variáveis, linhas de tendência (trends) paralelas. Isso não impede que a estagnação frequente, ou mesmo o declínio da satisfação da vida, deixe de interpelar.
Por que o crescimento econômico, tão perseguido pelos governos e pelas grandes instituições internacionais, tão pouco susceptível de ser colocado em questão fora dos movimentos excêntricos ou marginais, não chega – ou não chega mais, ultrapassado um determinado umbral – a aumentar o bem-estar dos seres humanos? Eles nunca estão satisfeitos com o que possuem? Eles precisam de sempre mais? Ou será que é porque o crescimento tem efeitos secundários (as "externalidades negativas") que acabam por anular seus benefícios, como aqueles medicamentos que aliviam uma dor de dente, mas que podem provocar uma acidez no estômago?
2. Toda riqueza é relativa
O postulado segundo o qual o bem-estar aumenta com a renda, ou com a riqueza, [8] subestima duas evidências, que sempre meteram os economistas em apuros: o ser humano muda ou se adapta, e o ser humano é um animal social (Aristóteles). Este postulado ignora, portanto, dois mecanismos bem conhecidos dos psicólogos: o efeito do hábito (2.1) e a comparação social (2.2). Estes são importantes na medida em que alteram as normas em base às quais o indivíduo avalia seu bem-estar (2.3).
2.1. O efeito do hábito
O indivíduo geralmente compara sua riqueza material atual com a que dispunha no passado. No curto prazo, parece que seu bem-estar aumenta se sua riqueza cresce. No entanto, este aumento é apenas transitório. Na verdade, simultaneamente ao enriquecimento, os padrões de rendimento ou de consumo com base às quais o indivíduo avalia seu bem-estar também aumentam. A persistência de um hiato entre as aspirações e o nível efetivo de riqueza impede que o bem-estar aumente no longo prazo. Esta propensão para se adaptar às situações adquiridas é geralmente designada pelos economistas com o termo efeito do hábito ou da dependência (Becker e Stigler 1977) ou ainda de deriva das preferências (Van Praag e Frijters 1999) e se inspira em um ramo da psicologia conhecido como teoria da adaptação (Brickman e Campbell, 1971).
Destacamos, a título de exemplo, os resultados das pesquisas Gallup Poll feitas nos Estados Unidos entre 1950 e 1986. A resposta para a pergunta "qual é a renda mínima que uma família de quatro pessoas necessita para viver em sua comunidade?" mostra, ano após ano, um aumento quase paralelo da renda julgada mínima (resultado da pesquisa) e a renda efetiva (observada) de uma família de quatro pessoas (Layard, 2005). Estes resultados sugerem que os padrões em matéria de rendas são continuamente atraídos para cima por níveis de renda em si mesmos crescentes. Embora o fosso entre a riqueza material efetiva e as normas individuais permaneça constante, parece que o bem-estar não pode aumentar com o enriquecimento.
2.2. A comparação social
Os comportamentos humanos se inscrevem em um contexto social. O mesmo acontece com o bem-estar. O ambiente social influencia a satisfação que um indivíduo extrai de sua riqueza porque esta é comparada com a dos outros membros da sociedade, principalmente aqueles cujas características socioeconômicas estão próximas (grupo de referência). Os economistas designam este fenômeno com os termos interdependência do bem-estar (Pollak 1976), hipótese da renda relativa (Duesenberry 1949) ou existência de bens posicionais (Frank 1985). O grande público anglo-saxão conhece-o pela expressão "keep up with the Joneses" [Manter o mesmo padrão de vida de outra pessoa, em tradução livre]. [9]
Este mecanismo de comparação social não é novo: Karl Marx já o descreveu em 1849 (1966 p. 34-35): “Uma casa pode ser grande ou pequena, e enquanto as casas que a rodeiam são igualmente pequenas ela satisfaz todas as exigências sociais de uma habitação. Erga-se, porém, um palácio ao lado da casa pequena, e eis a casa pequena reduzida a uma choupana. A casa pequena prova agora que o seu dono não tem, ou tem apenas as mais modestas, exigências a pôr; e por mais alto que suba no curso da civilização, se o palácio vizinho subir na mesma ou em maior medida, o habitante da casa relativamente pequena sentir-se-á cada vez mais desconfortado, mais insatisfeito, mais oprimido, entre as suas quatro paredes”.
A comparação social implica que, para aumentar o seu bem-estar, o indivíduo deve melhorar sua situação material relativamente à dos membros de seu grupo de referência. Mas ao produzir os esforços físicos e intelectuais necessários para aumentar a sua riqueza, cada indivíduo contribui para a redução da situação relativa dos outros indivíduos. Esses últimos devem então fazer esforços adicionais. Esta “corrida de galgos” (rat race) estimula evidentemente as atividades econômicas. Contudo, não aumenta ou não de forma proporcional, o sentimento generalizado de bem-estar. Blanchflower e Oswald (2003) mostram, com base em dados norte-americanos, que um determinado aumento na renda (1% neste caso) produz efeitos diferentes sobre o bem-estar de um indivíduo segundo outros cidadãos tiram ou não proveito de um aumento análogo: o aumento do bem-estar é reduzido em um terço no primeiro caso em relação ao segundo.
2.3. O aumento das aspirações
O efeito do hábito e a comparação social produzem, portanto, uma elevação constante das aspirações individuais em relação ao nível de vida material. O indivíduo que embarca nesta espiral busca continuamente alcançar um nível de riqueza mais elevado, mas nunca chega à saciedade. A diferença que mantém entre suas aspirações (sempre revistas para cima) e a sua situação efetiva impede-o de aumentar seu bem-estar (ou pelo menos limitar o aumento) assim como sua riqueza absoluta avança continuamente. Stutzer (2003) observa, com base em dados suíços, uma correlação negativa entre o nível de aspiração (representado pela renda julgada necessária) e a satisfação da vida. De acordo com Van Praag e Frijters (1999), o aumento das aspirações pode destruir entre 60% e 80% do aumento de bem-estar julgado sensato para um aumento da renda.
Essa tendência natural dos homens a se habituar à situação adquirida e a se comparar com os outros é, além disso, exacerbada por três fatores externos. Em primeiro lugar, as mensagens publicitárias se alimentam da comparação social e a reforçam ao propor continuamente novos bens que deverão permitir ao indivíduo se distinguir dos outros. Em segundo lugar, é cada vez mais comum classificar os indivíduos de maneira explícita em função de seus desempenhos ou características (por exemplo, os mais ricos são classificados em função da sua renda, os mais talentosos de acordo com os seus resultados acadêmicos) o que excita a tendência à comparação social. Em terceiro lugar, nas últimas décadas, uma crescente mobilidade social das classes menos favorecidas e da população feminina facilitou o acesso a posições sociais, econômicas e políticas que estavam fechadas anteriormente a esses dois grupos e, portanto, ampliou o alcance das suas aspirações. Ao reforçar os mecanismos de habituação e de comparação social, a publicidade e o consumo de massa, as classificações e a estratificação social inflam as aspirações individuais e reduzem o bem-estar podendo potencialmente derivar em um aumento da riqueza.
O fato de que esses mecanismos estimulam o crescimento econômico sem poder aumentar o bem-estar em proporções análogas evoca a expressão de um grande inventor norte-americano (Charles Kettering, General Motors), no início do século XX: "a chave para a prosperidade econômica é a criação organizada da insatisfação". Nosso sistema econômico, o consumo em massa, o crescimento a todo custo se alimentaria, portanto, das nossas angústias existenciais, mas sem nunca ser capaz de apaziguá-las, incapaz de responder à sua verdadeira natureza (Arnsperger 2005).
Esses vários fenômenos não explicam por si sós o porquê da satisfação da vida estagnada há décadas. Além do fenômeno do crescimento das aspirações, deve-se reconhecer que o PIB, por definição, não capta todos os elementos que contribuem efetivamente para o bem-estar de uma população.
3. A riqueza não é tudo
O homo economicus (na sua versão "consumidor") contenta-se geralmente em gastar sua renda com a aquisição de bens e serviços que lhe proporcionem a satisfação. No entanto, na realidade, o homem não atribui um valor apenas à quantidade de bens e serviços que consome. Ele também valoriza a qualidade do seu ambiente social, político e natural. O senso comum nos faz saber que muitos elementos, não levados em conta pelo PIB, contribuem para a satisfação da vida: o sentimento de pertencer a uma sociedade justa, a qualidade do seu trabalho e a inclusão social, as perspectivas de futuro, a saúde, o contentamento afetivo, a sensação de segurança na vida diária, o ambiente político e institucional ou ainda a qualidade do meio ambiente. A qualidade de vida da pessoa pode, portanto, ser tão importante – e às vezes mais importante – para o bem-estar quanto a quantidade de bens e serviços disponíveis. Alguns dos fatores de qualidade de vida que nós acabamos de mencionar foram objeto de estudos mais específicos que podem, em caso de necessidade, nos convencer sobre a existência desta relação.
3.1. Desigualdades
Desde o final da década de 1970, assistimos a um aumento das desigualdades de renda na maioria dos países da OCDE. Ora, está comprovado que a satisfação da vida está negativamente correlacionada com as desigualdades de renda (Blanchflower e Oswald, 2003). Os europeus, em particular, manifestam uma certa aversão às desigualdades. Um impulso destes provoca uma reação negativa de sua satisfação de vida mais forte do que em outros lugares: de acordo com Alesina et al. (2001), um aumento de 10% dos pontos percentuais do coeficiente de Gini [10] reduz a proporção de indivíduos que se declaram "muito satisfeitos" com sua vida de 5,2 pontos percentuais na Europa para 2,5 pontos percentuais nos Estados Unidos.
3.2. Desemprego e condições de trabalho
Um dos objetivos da busca de um vigoroso crescimento econômico é a criação de empregos. No entanto, há trinta anos o crescimento europeu prossegue sem chegar a absorver o desemprego. Ora, isso, evidentemente, afeta o bem-estar e pode em parte explicar sua estagnação. Muitos trabalhos empíricos mostraram que o desemprego atinge a satisfação da vida individual e gregária, por motivos tanto financeiros como não financeiros. Apenas um terço da diferença de bem-estar entre os desempregados e os trabalhadores se explica pela diferença de renda entre esses dois grupos (Winkelmann e Winkelmann, 1995). Os dois terços restantes vêm da perda, pelo desemprego, de seu status social.
Além do desemprego, também o subemprego afeta o bem-estar dos trabalhadores. O medo de perder o emprego e a preocupação em relação às consequências sociais e orçamentárias de uma elevada taxa de desemprego produz uma insegurança econômica e social que provoca uma diminuição da satisfação da vida. Esta redução, medida por habitante, certamente é vinte vezes menos forte do que aquela sofrida por um desempregado, mas considerando o efeito de massa, este custo indireto em termos do bem-estar poderia exceder aquele atribuído ao conjunto dos desempregados (Di Tella et al. 2001). Assim, parece bem provável que o aumento da taxa de desemprego, e sua manutenção num alto nível na maioria dos países ocidentais nas últimas décadas, tenha contribuído para a estagnação da satisfação da vida.
O bem-estar dos trabalhadores também é afetado pelas condições de trabalho, tornando-se essas cada vez mais intensas. Esta intensidade se deve às elevadas cadências e aos prazos cada vez mais curtos impostos às empresas e, portanto, aos trabalhadores: os progressos nas tecnologias de comunicação e de transporte, assim como o aumento das pressões de uma exigência de rentabilidade, desenvolveram práticas de just in time mais estressantes para os trabalhadores (Merllié e Paoli, 2003). As dimensões não pecuniárias das relações de trabalho são um elemento decisivo para a satisfação da vida, como observa uma recente pesquisa belga: "Os trabalhadores estão de modo geral insatisfeitos com o seu salário, mas quando este é colocado entre outros elementos que contribuem para a sua felicidade, o salário se situa na parte inferior da lista". [11]
3.3. Saúde
Os problemas de saúde de origem ocupacional (hipertensão, estresse, ansiedade, depressão) estão aumentando. Atualmente, eles atingem entre 23% e 33% da população europeia. Quarenta porcento dos americanos acreditam que seu trabalho é "muito ou extremamente estressante". A parte da população japonesa que sofre de estresse aumentou de 53% para 63%, de 1995 a 2000. O risco de ser acometido por depressão aumentou nas últimas décadas. As doenças mentais são provavelmente uma das principais fontes de miséria das sociedades ocidentais; 30% das invalidezes são de origem mental (Layard, 2005). Sendo o bem-estar fortemente correlacionado com o estado de saúde subjetivo (Helliwell 2002), a evolução descrita acima contribui certamente para a explicação da estagnação da satisfação da vida dos ocidentais.
3.4. Vínculo social
Aristóteles qualificou o homem de "animal social", porque ele precisa do grupo para viver. A qualidade das relações familiares e sociais influencia o bem-estar individual. O modo de vida (no sentido de estado civil) que proporciona a maior satisfação é o casamento, seguido do celibato, da coabitação, da viuvez e do divórcio (Di Tella et al. 2003, Blanchflower e Oswald 2000). No entanto, nas últimas décadas houve uma diminuição continuada das taxas de casamento e uma alta contínua da taxa de divórcios (3 divórcios sobre cada 4 casamentos na Bélgica em 2000) nas nossas sociedades. Além disso, cresce o número de crianças que vivem com um único pai e o tempo passado com a família diminui (Layard, 2005). O impacto dessas mudanças sociais no bem-estar é realmente significativo, porque a média dos cidadãos europeus dá importância à vida familiar – seu nível de importância foi avaliado em 9, numa escala de 0 a 10 (Eurlife) de 2005.
Além do círculo da família, observa-se que os níveis de confiança interpessoal e de participação comunitária – dois indicadores utilizados para medir a qualidade das relações sociais – também estão positivamente correlacionados com o nível de bem-estar (Putnam 2000). O nível de confiança interpessoal recua a partir dos anos 1960 nos países anglo-saxões. Este declínio foi menos acentuado que em outros lugares, mas nós [na Bélgica] somos atingidos por taxas baixas. Por exemplo, em 1990, apenas 33% dos belgas se sentiam confiantes nos outros membros da sociedade. Assistiremos, além disso, à emergência de "novas formas de participação cívica mais estreitas e mais individualistas, menos centradas no interesse coletivo" (OCDE 2001), tendência que reduz a força do vínculo social. A maioria da população consagra pouco tempo para cultivar e fortalecer seus contatos sociais, ao passo que o tempo gasto assistindo televisão e fazendo compras aumenta (Eurlife 2005).
3.5. Governança e instituições
Ao qualificar o homem de "animal político", Aristóteles também sugeria que a participação na vida pública ou política é fundamental para o ser humano. Por um lado, o cidadão que participa do debate político pode influenciar o modo de gestão pública, que determina, por sua vez, a quantidade e a qualidade dos serviços que ele acessa. Isto explica talvez porque o bem-estar individual é maior ali onde a participação na vida política é mais significativa (Frey e Stutzer 2002). Também está positivamente correlacionado com variáveis, tais como: a transparência da ação política, a autoridade da lei, a qualidade do quadro legislativo e a estabilidade política (Helliwell 2002). Um exemplo onde esta última parece ter afetado o bem-estar é a Bélgica. A queda na satisfação da vida observada no início dos anos 1980 (ver gráfico) é parcialmente explicável pela insegurança política gerada pela transição para um sistema federal (Inglehart e Klingemann 2000).
A taxa de confiança nos poderes públicos caiu ao longo das últimas décadas. Se 75% dos americanos confiava no governo federal em 1960, eles não passam de 21% em 1994. Estas tendências são encontradas em muitos outros países desenvolvidos, inclusive na Bélgica. Em 1993, apenas 43% dos europeus testemunhavam sua confiança em seu governo nacional e 52% no seu parlamento federal. Devemos também notar que a proporção de europeus que se declaram satisfeitos com a democracia em seus países oscila ente 40% e 50%. O conjunto destes dados reflete, portanto, um sentimento de insegurança e de desconfiança em relação aos dirigentes políticos e pode ter representado um freio para a recuperação do bem-estar ao longo das últimas décadas.
3.6. Meio ambiente
De acordo com o Eurobarômetro, 72% dos europeus declaram que o estado do meio ambiente influencia sua qualidade de vida e 90% acreditam que os políticos deveriam dar tanta importância ao ambiente quanto às políticas econômicas e sociais. O estado do ambiente – qualidade da água e do ar, patrimônio natural no sentido amplo, poluição sonora, patrimônio urbano – afeta a qualidade do habitat e do modo de vida da população. Alguns estudos tentam quantificar o impacto da degradação do ambiente sobre o bem-estar, como, por exemplo, o relatório de Frey e Stutzer (2004) sobre o nível da poluição do ar. O impacto da deterioração do ambiente sobre o bem-estar individual e coletivo é susceptível de se tornar cada vez mais importante nos próximos anos e décadas. Por um lado, as atividades humanas poluem cada vez mais a terra, a água e o ar. A responsabilidade do nosso modo de crescimento a este respeito está dada. Por outro lado, o anúncio da mudança climática e seus efeitos sobre o habitat e o desaparecimento de espécies animais e vegetais acelera uma tomada de consciência entre as lideranças dos seres humanos, que acreditam ser os senhores da Terra.
Conclusão
A surpreendente divergência entre a tendência do PIB – em forte crescimento – e a satisfação da vida – estagnada há pelo menos 30 anos – encontra muitas explicações. Resumimos em dois grandes temas as contribuições recentes da literatura econômica sobre este ponto. Em primeiro lugar, toda riqueza é relativa: ao longo do crescimento econômico, as nossas aspirações são continuamente revistas para cima, seja porque nos habituamos à nossa situação e mudamos as nossas normas, seja porque nos comparamos com os nossos vizinhos numa corrida permanente para ver quem se sai melhor. Em segundo lugar, a riqueza não é tudo: a satisfação da vida ou do bem-estar depende da quantidade de fatores que podem ser alheios ao crescimento (docilidade da vida afetiva) ou que podem estar, de certa forma, negativamente correlacionados (questões ambientais ou de saúde, por exemplo).
Esta revisão (não exaustiva) da literatura fornece uma resposta à questão colocada no início do estudo: sim, os economistas sabem que o crescimento não traz felicidade. Para ser mais específico, deveríamos responder: entre os economistas, aqueles que colocaram a questão na agenda de suas pesquisas sabem disso. Outros consideram, de maneira perfeitamente legítima, que a questão da felicidade não está em seu campo de análise: pode-se querer analisar a concorrência, os mercados financeiros, o emprego, o comércio internacional e o crescimento sem pretender por um instante tratar de questões relativas à satisfação da vida. Resta uma terceira categoria de economistas, essa mais intrigante: aquela que, como a OCDE (2006), abordou a questão, percebeu o divórcio entre crescimento e a satisfação da vida, compreendeu suas causas, mas que propõe, no entanto, manter o PIB como indicador de bem-estar e o estímulo ao crescimento como ponta de lança das políticas econômicas.
Três tipos de motivos poderiam ocasionar este comportamento, à primeira vista pouco coerente. O primeiro seria de ordem ideológica: se o objetivo último do crescimento econômico for menos nobre do que a felicidade de todos, melhor seria dissimulá-lo com adornos sedutores. O segundo contém alguma forma de inércia, a dificuldade de se converter um discurso e uma ação política que tem sido agregador durante décadas: depois da Segunda Guerra Mundial, o objetivo do crescimento econômico foi adotado como o núcleo da paz social e se inscreve nos textos fundadores das principais instituições internacionais. O terceiro proviria de dificuldades metodológicas: "a maioria dos indicadores sociais e outras medidas subjetivas do bem-estar apresenta sérios inconvenientes práticos, em termos de disponibilidade, de qualidade, de agregação e de comparabilidade entre países" (Cotis 2006). Deixando para o leitor a tarefa de continuar a reflexão sobre o primeiro tipo de motivo, concluiremos evocando brevemente as implicações decorrentes dos outros dois, para a pesquisa, por um lado, e para a política econômica, por outro.
Em matéria de pesquisa, o The Economist (9-02-2006) formula valiosas sugestões: se a OCDE reconhece que a renda oferece uma abordagem distorcida sobre o bem-estar, "sua tarefa agora é convencer os governos para produzirem estatísticas mais relevantes". Corrigir ou completar a contabilidade nacional tendo em conta a pegada ecológica e o bem-estar social é uma tarefa difícil, mas não impossível. É útil recordar que a contabilidade nacional foi estabelecida depois da Segunda Guerra Mundial, com base em convenções contábeis. Estas foram adaptadas para o contexto sociopolítico da época, mas não são imutáveis. Sessenta anos mais tarde, algumas delas poderiam ser reconhecidas como ultrapassadas por mudanças históricas: seria o caso do tratamento do consumo dos recursos naturais não renováveis, questão aparentemente secundária em 1945, mas que no século XXI não pode mais ser ignorada. Multiplicar, ampliar e aperfeiçoar as pesquisas sobre a satisfação da vida parece ser indispensável em um tempo em que se desenvolve uma nova corrente de pesquisas sobre este tema. Na verdade, os trabalhos empíricos continuam a ser, neste estágio, muito parciais. Por exemplo, o impacto dos fatores ambientais sobre a satisfação da vida continua, na prática, mal avaliado, apesar de quase toda a população europeia se declarar sensível a esta questão. Em outros registros, muitas vezes é preciso se contentar com indicações provenientes de estudos pouco englobantes. Além das pesquisas metodológicas, os teóricos da economia têm um papel importante a desempenhar. Se eles estão convencidos das mil razões pelas quais o crescimento e o bem-estar não andam juntos, não seria seu dever moral denunciar a assimilação ainda muito frequente desses dois elementos tão distintos? A política econômica poderia então iniciar um ponto de inflexão.
Se o crescimento não for mais visto como fator de bem-estar, a questão da sua finalidade inevitavelmente vai aparecer. Por que queremos mais crescimento e para quem? Existe um consenso sobre os objetivos perseguidos (criação de empregos, necessidades menos atendidas, garantias para a nossa velhice) e estamos certos de que o crescimento os satisfaz? Segunda questão, inevitável: o conteúdo do crescimento é neutro em relação a esses objetivos? No caso de haver um consenso para especificar os aspectos qualitativos que queremos dar ao crescimento (empregos menos precários, produção menos poluente, prioridade às questões dos cidadãos, prevenção de doenças, do estresse e da insegurança), os instrumentos de medição requeridos serão mais facilmente postos em ação, como aconteceu com o gigantesco esforço de construção de uma contabilidade nacional tradicional, que começou quando o Estado recebeu a missão de estimular globalmente o crescimento. A estagnação da satisfação da vida dos ocidentais revela, sem dúvida, a urgência de uma revisão do conteúdo da missão e dos instrumentos necessários para realizá-lo. Finalmente, se as políticas econômicas e sociais querem servir ao bem-estar das populações, elas devem levar em conta os efeitos de comparação. Algumas práticas de benchmarking, [12] oriundas do mundo dos negócios e hoje comumente usadas pelos governos e pelas instituições supranacionais, correm o risco de levar os países a uma corrida sem fim, idêntica àquela descrita acima para os consumidores individuais. Aumentar a cooperação e reduzir a competição entre os países poderia contribuir para aumentar a satisfação da vida de todos.
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Notas
1. Este livro é citado a título de exemplo: ele é representativo das formações de base em economia. As análises mais avançadas são às vezes mais nuançadas e mais prudentes sobre o tema do bem-estar.
2. Recordemos que para os economistas, o termo utilidade não é empregado em seu uso corrente (pelo fato de servir para qualquer coisa, de ser utilizável), mas "é entendido no mesmo sentido da satisfação" (Jacquemin e Tulkens p. 37), termo, por sua vez, frequentemente assimilado ao bem-estar. Normalmente, uma “função de utilidade" estabelece uma relação entre as quantidades consumidas (de um ou de vários bens) e a satisfação obtida pelo consumidor. Na maioria das vezes, supõe-se que esta função não seja linear, mas que cresça a um ritmo decrescente (utilidade marginal positiva, mas decrescente).
3. No momento em que este artigo está sendo publicado, o Journal of Socio-Economics lança um número especial (volume 35, abril de 2006) dedicado à questão da felicidade sob o título “The Socio-Economics of Happiness” (A socioeconomia da felicidade).
4. Os argumentos tradicionais da crítica à contabilidade nacional foram expostos em Cassiers (1995); aqui, nós nos baseamos principalmente em Delain (2005).
5. Os livros incluídos nesta citação não estão incluídos na bibliografia: cf. De la Croix e Deneulin (1996) ou Delain (2005). Na bibliografia pode-se encontrar a referência de publicações mais recentes de Veenhoven e Inglehart.
6. Boarini et al. (2006 p. 29) interpretam a obra de Frey e Stutzer no sentido de uma correlação positiva. Uma volta às fontes convencerá o leitor de que outras interpretações também são possíveis. A OCDE (2006 pp.145-146) se mostra muito nuançada sobre este ponto.
7. Especialmente Easterlin (1974) e (1995). Para uma visão geral da literatura, consultar Frey & Stutzer (2002).
8. Nós utilizamos aqui o termo riqueza de forma genérica, em seu uso comum (Larousse), como "abundância de bens, fortuna" ou ainda "produtos da atividade econômica de uma coletividade", sem entrar na distinção, necessária na contabilidade nacional, entre estoques (patrimônio, capital em determinada data) e fluxos (renda, produção ao longo de um determinado período). O PIB refere-se à segunda categoria.
9. Esta expressão foi objeto de uma entrada no Financial Dictionary que a define como "Strive, especially beyond one’s income to socialize and spend like others in the same neighborhood."
10. Coeficiente mais comum para a medição da desigualdade de renda.
11. Citado pela La Libre Belgique de 9 de fevereiro de 2006. Pesquisa feita no grupo Securex. Notar-se-á que 80% dos 1.677 pesquisados declaram “se sentir bem” em sua empresa, em proporção maior na região valão, e mais no setor público do que no setor privado.
12. Processos que consistem na fixação de metas, obtidas pela observação e medição das práticas dos concorrentes. "Benchmarking é uma prática altamente respeitada no mundo dos negócios. É uma atividade que olha para fora para encontrar as melhores práticas e alto desempenho e, em seguida, mede as operações de negócios reais comparados com esses objetivos." (www.benchnet.com)
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O crescimento não traz felicidade: os economistas sabem disso? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU