01 Agosto 2012
"Não queremos ofender ninguém": no banco dos réus por causa da oração blasfema anti-Putin recitada em uma catedral de Moscou no dia 21 de fevereiro, as "Pussy Riot" pediram desculpas, mas não se curvaram. "Somos inocentes", reivindicaram as três jovens do grupo punk feminista, admitindo o erro "do ponto de vista ético", mas reivindicando a batalha contra o "czar" do Kremlin.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no blog Oltretevere, 30-07-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Nós não somos contra o cristianismo. As nossas motivações são exclusivamente políticas", afirmou Nadezhda Tolokonnikova, de 22 anos, em uma mensagem lida no tribunal. "Eu pensava que a Igreja amasse todos os seus filhos, mas parece que ela ama apenas aqueles que amam Putin", ecoou a jovem de 24 anos Maria Alyokhina.
"O tema principal dos nossos textos certamente não era a Igreja Ortodoxa, mas sim a ilegitimidade das eleições", concluiu Yekaterina Samutsevich, embora sendo contra o apoio a Putin do patriarca russo Kirill.
As "Pussy Riot" são imputadas por vandalismo agravado por ódio religioso e correm o risco de pegar até sete anos de prisão. O tribunal onde foi realizada a primeira audiência era a do tribunal de Khamovnichesky, o mesmo onde o magnata Mikhail Khodorkovsky foi condenado em 2010 pela segunda vez.
Tendo chegado algemadas entre uma multidão de fãs – "Meninas, estamos com vocês", gritavam –, as jovens foram presas em uma jaula de vidro e metal. Todas as três pareciam pálidas e magras, ao menos em comparação a quando, com violão e minissaias, entoaram na Catedral do Cristo Salvador a oração punk "Mãe de Deus, livra-nos de Putin!", despertando a ira da Igreja Ortodoxa, que assumiu uma posição intransigente sobre o caso.
Quanto à opinião pública russa, ela está dividida com 38% dos cidadãos – ao menos segundo uma pesquisa do Levada Center – que as considera culpadas por ter infringido a moral, e 16% que as apoia. A metade dos entrevistados, no entanto, considera que uma pena de dois a sete anos é "desproporcional".
Em defesa das "Pussy Riot", mobilizou-se a comunidade internacional, de Sting e os Red Hot Chili Peppers até a Anistia Internacional, que pediu a sua imediata libertação. No dia 20 de julho, no entanto, o tribunal moscovita ordenou a prorrogação da sua detenção por mais seis meses, até o dia 12 de janeiro de 2013.
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Oração blasfema - Instituto Humanitas Unisinos - IHU