Greve de universidades é herança de Haddad

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18 Julho 2012

Nos últimos anos, a gestão de Fernando Haddad no Ministério da Educação (MEC) turbinou os orçamentos das universidades federais, para mais de R$ 20 bilhões e promoveu forte expansão, com a criação de 14 instituições e mais de 120 campi. Para especialistas, o crescimento acelerado associado a problemas de infraestrutura é um fator que contribuiu para o estouro da greve dos professores federais, que completou dois meses ontem. Das 59 universidades da rede federal, 56 estão paradas.

A reportagem é de Luciano Mássimo e publicada pelo jornal Valor, 18-07-2012.

"A greve é um sinal da incapacidade de manter o atual ritmo de expansão, de sustentar a qualidade nesse processo. É uma coisa que caiu no colo do Mercadante, é originária lá de trás, mas processos de expansão universitária são assim, nunca ocorrem em condições ideais, mas a inação dele na negociação é ruim, tanto para governo como para grevistas", diz o professor da USP Romualdo Portela.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, concorda que o processo de expansão é complexo, mas destaca os benefícios da criação de quase 300 mil novas vagas e da descentralização do ensino superior público país afora, principalmente no interior e regiões mais pobres, como Norte e Nordeste. "Desde 2008, o Reuni [Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais] investiu R$ 9 bilhões, num esforço muito grande. Há problemas, mas passamos a fazer uma gestão com participação da Andifes [entidade de classe dos reitores] e a cada 15 dias vamos verificar a consolidação da expansão", afirma Mercadante.

A paralisação também é um tema que coloca o atual ministro lado a lado com a área econômica e lhe rende algumas críticas por esse posicionamento. Ex-dirigente do principal sindicato do setor nos anos 1980, o Andes, Mercadante classificou a greve de "precipitada" e não se dispôs a negociar, preferindo aguardar a posição oficial do governo.

Na sexta-feira Mercadante anunciou, ao lado da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, a proposta oficial: reestruturação da carreira e reajustes de até 40% (sem descontar a inflação), com impacto fiscal de R$ 3,9 bilhões até 2015. O Andes orientou as instituições a rejeitar a oferta do governo. "É um investimento importante num momento fiscal grave. Apesar disso, a presidenta apresentou proposta para valorizar os docentes com doutorado, que representam dois terços da categoria. Não concordamos com a reivindicação sindical de uma carreira sem titulação."