16 Junho 2012
Uso de combustíveis fósseis e mudança no método de exploração da agricultura são algumas das principais causas do aumento da concentração de gases de efeito estufa na Terra. Eventual aquecimento médio em mais 2°C na temperatura global poderá ocasionar graves danos ao planeta, com perda de até 10% na biodiversidade global. O prognóstico negativo foi apresentado pelo agrônomo e mestre em economia agrícola André Guimarães, na conferência do Ethos. Ele tomou como base documento preparado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento (OCDE), intitulado Panorama Ambiental, apresentado na palestra "Florestas e Mudanças Climáticas".
A reportagem é de Isabel Dias de Aguiar e publicada pelo jornal Valor, 15-06-2012.
Tasso Azevedo, da Fundação Suíça para o Meio Ambiente - Avina - também participou da apresentação. Guimarães também é diretor executivo da Conservação Internacional (CI-Brasil), que conta com 32 escritórios em todo o mundo, entidade que tem por principal objetivo promover o bem estar e fortalecer a sociedade.
O representante da CI-Brasil traçou um quadro sombrio em relação ao cenário a ser observado no planeta em 2050. A perda de 10% da biodiversidade, segundo Guimarães, poderá resultar na duplicação no número de mortes prematuras por exposição à poluição. Significa que 3,6 milhões de pessoas poderão morrer a cada ano, além do expressivo aumento nos custos para mitigar os riscos climáticos. Ele disse ainda que, desde já, os níveis de CO² na atmosfera batem recorde no Ártico e chegam a 400 ppm (partes por milhão).
Para que a temperatura média global não aumente 2°C será necessário limitar a emissão de CO² na atmosfera em até 450 ppm. Para isso, governos tentam chegar a um acordo sobre as metas globais de redução de GEE (gases efeito estufa) e financiamento de medidas de mitigação de agentes causadores do aquecimento global. Mas, segundo documento distribuído durante a Conferência Ethos, há ainda resistência por parte de alguns países em aderir ao projeto. Canadá, Japão e Rússia recusam-se a aderir ao novo período de vigência do Protocolo de Kyoto. De acordo com a ONU, estima-se em US$ 2 bilhões por ano os recursos para ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Guimarães fez uma espécie de apologia ao Brasil. Segundo afirmou, é o único país a ter nome de árvore e a contar com cinco biomas florestais. Apesar das agressões sofridas por nossas reservas naturais, o diretor executivo da CI-Brasil disse ainda que o país é responsável por ampliar as áreas protegidas, que hoje já alcançam 100 mil hectares. Mas não deixou de apontar mazelas: o desmatamento é responsável por 70% das emissões de GEE; o Brasil dispõe de pequena área com florestas plantadas e aqui se pratica manejo incipiente das florestas nativas. Guimarães lamenta o fato de só restarem 10% da Mata Atlântica, bioma onde as atividades econômicas são responsáveis por três quartos do PIB e de onde se retira água para o abastecimento de dez maiores cidades do país. Para ele, a Mata Atlântica é o segundo bioma mais ameaçado do planeta, só atrás do de Madagascar.
Para o palestrante da Conferência Ethos, o país carece de mais florestas produtivas e mais florestas plantadas para conter a pressão sobre as espécies nativas. "É preciso olhar para a Amazônia como um ativo, para o qual se deve adotar manejo sustentável para maior agregação de valor."
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Planeta azul tem prognósticos cinzentos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU