Paolo Dall'Oglio deixa a Síria

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13 Junho 2012

O jesuíta Paolo Dall'Oglio, fundador da comunidade monástica de Deir Mar Musa, deixa a Síria depois de mais de 30 anos. Ele já havia comunicado isso para a equipe da revista Popoli na manhã dessa segunda-feira (desde 2007, Pe. Dall'Oglio é autor de uma coluna fixa), mas pedindo para manter a informação confidencial. Depois, à tarde, a decisão de divulgar a notícia através de um órgão oficial da Santa Sé, a Rádio do Vaticano.

A reportagem é da revista Popoli, dos jesuítas italianos, 12-06-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Já ameaçado de expulsão pelo governo sírio em novembro, o jesuíta havia conseguido permanecer no país, contanto que mantivesse um "baixo perfil", evitando declarações públicas contrárias ao regime. Um compromisso que Dall'Oglio manteve, embora não interrompendo a sua atividade em favor da paz e a sua denúncia das violências perpetradas no país. É significativa, nesse sentido, a carta aberta que o religioso havia enviado no último dia 23 de maio a Kofi Annan, enviado especial da ONU na Síria.

A decisão de deixar a Síria foi tomada agora em obediência às autoridades eclesiásticas do país. Assim, quem irá acompanhar o jesuíta à fronteira com o Líbano, no próximo sábado, não serão os funcionários do governo, mas sim o núncio apostólico de Damasco.

"Essa decisão – explica o Pe. Dall'Oglio, que contatamos por telefone logo após a conversa na nunciatura – está ligada principalmente à minha carta dirigida ao secretário-geral da ONU, da qual assumo tranquilamente a responsabilidade. Não há nada que me surpreenda: estou desanimado, mas não surpreso. É mais um capítulo de uma história de pressões, e as autoridades eclesiásticas são o executor, embora oficialmente eu seja expulso pela sua decisão".

Eis a entrevista.

O que o senhor vai fazer agora?


A minha intenção é ir para o Líbano, depois ao Curdistão – onde abrimos uma nova comunidade – e depois ir para a Itália para passar os meses de julho e de agosto. Depois veremos, mas ainda são todas ideias que, naturalmente, eu devo submeter ao meu superior e que estão relacionadas com a evolução da situação geral no Oriente Médio.

Com que estado de espírito o senhor deixa a comunidade que fundou em 1982?

É uma página que se fecha. Há muito tempo eu desejava deixar para outra pessoa a responsabilidade do mosteiro de Deir Mar Musa, com tudo o que isso significa, também em termos de questões práticas e administrativas, para me dedicar a um trabalho em uma escala mais ampla. Certamente, estou desiludido. Eu esperava poder ser um ator útil ao processo de diálogo e reconciliação do qual a Síria tem uma necessidade extrema. No entanto, vou continuar com esse objetivo a partir do exterior.

Como os outros membros da comunidade de Mar Musa reagiram?

Os coirmãos e as coirmãs do mosteiro são corajosos, tranquilos, fortes.