Por: Cesar Sanson | 05 Junho 2012
“Os lobbies insistem em continuar com esta barbárie e insistem que a tourada seja considerada um ato de cultura”. O comentário é de Paula Sequeiros em artigo no sítio esquerda.net, 11-06-2012, sobre as touradas em Portugal.
Eis o artigo.
No meio da tarde de domingo, 10 de junho, Loureiro, Oliveira de Azeméis, distrito de Aveiro, uma fila de carros marcava já a proximidade do ponto onde se realizaria um espetáculo de tourada. Aos poucos, famílias iam entrando, muitos surpreendidos pela presença já de algumas dezenas de manifestantes que gritavam palavras de ordem anti-tourada: “O sofrimento não é divertimento”, “Tourada em Portugal é vergonha nacional”, “Tourada é tortura, não é arte e nem cultura!”.
Entre o grupo de manifestantes, independentemente de se tratar de pessoas sem filiação partidária, do PAN ou do Bloco de Esquerda, une-os a vontade de por fim a este espetáculo que maltrata animais, touros e cavalos, mas que também degrada quem o vê.
Pedro Filipe Soares, deputado do Bloco marcou de novo presença nestes protestos. O megafone serviu, para além de lançar as palavras-de-ordem, esclarecer sobre os maltratos dados aos touros antes – para lhes retirar capacidade de defesa -, durante e depois da tourada – nomeadamente para retirar as farpas ainda cravadas nos músculos.
Discutiu-se como as associações da tauromaquia, num momento em que talvez haja decréscimo nas compras de bilhetes para espetáculos, em que se sabe que a maior parte da população portuguesa não apoia estes eventos, fazendo pressão e intensa propaganda para que o Norte do país, que nunca teve qualquer 'tradição' deste gênero, acolha também touradas.
No estado espanhol, em 2006, a televisão pública deixou de transmitir touradas pelo seu elevado custo e em função do horário diurno constituir um problema para as crianças que as podiam assistir. Em 2010 a Catalunha proibiu a realização de touradas. No mesmo ano foi lei, em todo o estado, que não podem assistir a touradas menores de 12 anos. E tudo isto na região da Europa que mais tradição tinha deste tipo de espetáculos. E, lá como cá, os lobbies pró-tourada continuam pressionando no sentido do retrocesso destas medidas.
Não conseguimos perceber ao certo quantas entradas terão vendido, até porque no recinto da associação equestre que acolheu o espetáculo, decorriam outros eventos. Mas vimos entrar apenas algumas dezenas de pessoas. Sabemos, aliás, que muitos destes espetáculos têm acarretado grandes prejuízos. Mas os lobbies insistem em continuar com esta barbárie e insistem para que a tourada seja considerada um ato de 'cultura'. Viam-se, infelizmente, muitas crianças sendo levadas pelas mãos dos pais para assistir à tourada em Loureiro. Só podemos lamentar que não exista ainda de forma generalizada a consciência de que assistir a maus-tratos não educa, pelo contrário, transmite valores errados. Por esta e outras razões, os protestos irão continuar.
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“Tourada é tortura, não é arte e nem cultura!” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU