07 Mai 2012
Enquanto Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical, as duas maiores centrais de trabalhadores, perderam proporcionalmente participação entre os sindicalistas filiados, as três centrais menores já não são mais tão pequenas e começam até a ameaçar o segundo lugar da Força, mostra o balanço final do Ministério do Trabalho e Emprego sobre a representatividade das centrais.
A reportagem é de Raphael Di Cunto e publicada pelo jornal Valor, 07-05-2012.
O documento, a que o Valor teve acesso com exclusividade, será publicado nos próximos dias no Diário Oficial e serve como base para a divisão do imposto sindical. Um balanço parcial, divulgado pelo Valor em abril, apontava apenas queda da CUT e crescimento menor das outras centrais - a Força Sindical tinha leve alta, que não se confirmou no levantamento final.
O maior avanço foi da União Geral dos Trabalhadores (UGT). A entidade cresceu 3,36 pontos percentuais em relação a 2010 e hoje representa 11,25% dos trabalhadores sindicalizados do país. Ao mesmo tempo em que o presidente da central, Ricardo Patah, filiou-se ao recém-criado PSD e formou o núcleo de movimentos sociais do partido, a entidade ganhou 326 mil novos trabalhadores - crescimento de 66% comparado ao ano anterior.
Patah não quis comentar os números, sob o argumento de que ainda não são oficiais. Na UGT, o aumento foi comemorado e atribuído a três fatores: a filiação de entidades com grande número de sindicalizados, o preenchimento correto das atas de eleição, que o Ministério do Trabalho usa para fazer o cálculo da representatividade, e campanhas de sindicalização.
Com o crescimento, a UGT chega perto da Força Sindical, que, ao lado da CUT, cresceu em número de sindicatos, mas perdeu participação no total de sindicalizados. Ligada ao PDT, a Força caiu 0,45 pontos percentuais na tabela e hoje representa 13,67% dos sindicalizados do país. A CUT, que tem uma relação quase umbilical com o PT, perdeu 1,67 pontos percentuais e está com 36,65% - equivalente a 2,6 milhões de trabalhadores.
A queda foi reflexo do aumento no número de trabalhadores sindicalizados das concorrentes, como a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e Nova Central, que cresceram em mais de um ponto percentual cada.
A única das menores a perder filiados foi a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB). Devido a um racha na diretoria, parte dos sindicatos migrou para a Central Sindical de Profissionais (CSP), mas ambas ficarão sem recursos do imposto sindical este ano - o Ministério do Trabalho só reconhece como centrais, com direito a verba e assento nos conselhos do governo federal, as que representarem no mínimo 7% dos trabalhadores do país.
O imposto sindical - que equivale a um dia de trabalho por ano, descontado de todo funcionário com carteira assinada - tem 10% destinado à central em que o empregado está filiado. Os sindicatos recebem 60%, as federações ficam com 15%, as confederações com 5% e os outros 10% retornaram aos cofres públicos. O montante repassado às centrais cresce a cada ano - foi de R$ 102 milhões em 2010 e de R$ 140 milhões no ano seguinte. Não há estimativa para 2012.
Segundo o levantamento do Ministério do Trabalho, havia 7,2 milhões de trabalhadores sindicalizados no Brasil no dia 31 de dezembro de 2011 - data em que é feita a apuração da representatividade das centrais. O número equivale a 15,6% dos 46 milhões de trabalhadores ativos do país, o que incluem os contratados no regime de CLT e os estatutários do serviço público.
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Braço sindical do PSD, UGT cresce 66% em um ano e ameaça Força - Instituto Humanitas Unisinos - IHU