13 Abril 2012
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20, 19-31 que corresponde ao Segundo Domingo da Páscoa Domingo, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Estando ausente Tomé, os discípulos de Jesus tiveram uma experiência inaudita. Quando o vêm chegar, comunicam-lhe cheios de alegria: “Vimos o Senhor”. Tomé escuta-os com ceticismo. Por que irá acreditar em algo tão absurdo? Como podem dizer que viram Jesus cheio de vida, se morreu crucificado? Em todo o caso, será outro.
Os discípulos dizem-lhe que ele os mostrou as feridas de suas mãos e de suas costas. Tomé não pode aceitar o testemunho de ninguém. Necessita comprová-lo pessoalmente: “Se não vejo nas suas mãos o sinal dos seus pregos... e não coloco a mão no seu costado, não o creio”. Só acreditará na sua própria experiência.
Este discípulo que se resiste a acreditar de forma ingênua vai nos ensinar o percurso que temos de fazer para chegar à fé em Cristo ressuscitado, de que nem sequer vimos o rosto, nem escutamos as suas palavras, nem sentimos os seus abraços.
Aos oito dias, apresenta-se de novo Jesus aos seus discípulos. Imediatamente dirige-se a Tomé. Não critica a sua idéia. As suas dúvidas não têm nada de ilegítimo ou escandaloso. A sua resistência em acreditar revela a sua honestidade. Jesus entende-o e vem ao seu encontro mostrando-lhe as suas feridas.
Jesus oferece-se para satisfazer as suas exigências: “Traz o teu dedo, aqui tens as minhas mãos. Traz a tua mão, aqui tens o meu costado”. Essas feridas, mais do que “provas” para verificar algo, não serão “sinais” do seu amor entregue até há morte? Por isso Jesus convida-o a aprofundar para lá d e suas dúvidas: “Não sejas incrédulo, mas sim crente”.
Tomé renuncia a verificar. Já não sente necessidade de provas. Experimenta a presença do mestre que o ama, o atrai e o convida a confiar. Tomé, o discípulo que fez percurso mais longo e laborioso do que ninguém até encontrar-se com Jesus, chega mais longe também na profundidade da sua fé: “Senhor meu e Deus meu”. Ninguém se confessou assim a Jesus.
Não temos de nos assustar ao sentir que brotam de nós dúvidas e interrogações. As dúvidas, vividas de forma sã, salvam-nos de uma fé superficial que se contenta com repetir fórmulas, sem acreditar em confiança no amor. As dúvidas nos estimulam a ir até o final na nossa confiança no Mistério de Deus encarnado em Jesus.
A fé cristã cresce em nós quando nos sentimos amados e atraídos por esse Deus cujo rosto podemos vislumbrar no relato que os evangelhos nos fazem de Jesus. Então, a sua chamada a confiar teme em nós mais força do que as nossas próprias dúvidas. “Ditosos os que crêem sem ter visto”.
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Não temos de nos assustar ao sentir que brotam de nós dúvidas e interrogações - Instituto Humanitas Unisinos - IHU