31 Março 2012
Com as cestas vazias, os pés machucados e os corpos esgotados, mas com os corações cheios de esperança, regressaram ontem a suas comunidades milhares de homens e mulheres indígenas e camponeses, que, depois de percorrerem a pé mais de 250 Km até alcançarem a capital, conseguiram o compromisso do governo para as suas demandas.
A reportagem é de Mayra Rodríguez e publicada pela Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 30-03-2012.
Pequenos agricultores do Valle do Polochic enfrentam conflitos agrários. Eles pedem que lideranças indígenas e camponesas não sejam perseguidas por causa da luta que empreendem na defesa da terra, e o cancelamento da mineração a céu aberto na região.
Há um ano, comunidades indígenas foram desalojadas de forma violenta. Líderes de 14 dessas comunidades reuniram-se, na terça-feira, com magistrados da Corte Suprema de Justiça, com as lideranças políticas do Congresso e com o presidente da República, Otto Pérez Molina.
À Corte Suprema dirigiram pedido de suspensão total de todo tipo de desalojamento que transgridam os direitos individuais e coletivos dos povos originários. Também solicitaram a investigação dos assassinatos de líderes de movimentos sociais.
Indígenas e camponeses reivindicaram dos políticos a aprovação de sete leis sobre desenvolvimento rural integral, que facilite o acesso e recuperação de terras, a proteção dos bens naturais, como água e matas.
O presidente da República recebeu 68 petições, incluindo a cancelamento de licenças de exploração e exploração de mineradoras, petroleiras e dos projetos de hidrelétricas. Também pediram que o governo deixe de conceder incentivos para monoculturas.
Depois de dez horas de negociação as petições reduziram-se a oito, com o compromisso do governo de atendê-las e agendar outra reunião para o dia 19 de abril.
A marcha que saiu de Cobán Alta Verapaz, no dia 19 de março, ocorreu um ano depois que o governo de Colom desalojou centnenas de famílias q’eqchi’s de 14 comunidades do Vale do Polochic para favorecer empresa pertencente a familiares do ex-presidente Oscar Berger. Líderes indígenas foram mortos em confrontos verificados depois da expulsão de suas terras.
“Quando dizemos que não queremos mineração é porque ela provoca destruição nos lugares onde vivemos. Não aceitamos a construção de hidrelétricas porque as águas inundarão nossas terras para entregar a energia a empresas estrangeiras. Estamos convictos que para combater a fome e a desnutrição o que urge é o acesso à terra para semear”, argumentam.
Segundo dados do Comitê da Unidade Camponesa, 15 mil pessoas participaram da marcha nos últimos nove quilômetros do trajeto
Igrejas posicionaram-se em apoio às reivindicações de indígenas e camponeses. “Fazemos um chamado para que as diferentes instituições encarregadas de velar pelos recursos naturais”, pediu o Conselho Ecumênico Cristão da Guatemala.
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Indígenas e camponeses pedem que governo garanta acesso à terra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU