29 Março 2012
Sócia da Chevron no campo de Frade, a Petrobras não pode nem quer falar sobre o acidente que interrompeu a operação da americana neste mês, mas vem ajudando "sempre que chamada" pela ANP, segundo a presidente da estatal, Graça Foster.
"Atendemos a ANP a todo instante e a toda hora, quando somos chamados a estar junto com a agência, com a Chevron. Nós temos a nossa equipe de trabalho aqui, nossos engenheiros, geólogos."
A reportagem é de Maria Cristina Frias e publicaa pelo jornal Folha de S. Paulo, 29-03-2012.
Graça admite que o acidente da Chevron não é rotineiro e que muito ainda terá que ser investigado para uma conclusão. "É um problema geomecânico, não é trivial", disse.
"A própria análise do óleo, que é diferente nas regiões dentro do campo de Frade, não é trivial. A Petrobras tem devotado um imenso trabalho em simulações considerando diversas hipóteses."
A experiência de ter sofrido um caso parecido com o da Chevron, em 2004, no campo de Marlim Sul, ajuda na interpretação do acidente da sócia, apesar de na época a Petrobras não estar perfurando no local, como ocorreu com a Chevron.
Um vazamento no reservatório do bloco 11 de Marlim Sul determinou o fechamento de quatro poços do sistema, dois de produção e dois de injeção.
Fraturas naturais no reservatório foram apontadas como possível causa do vazamento na época. A exsudação no reservatório provocou, na ocasião, muitas especulações no mercado de que teria havido erro de injeção no poço, abandonado para sempre.
Graça diz que a Petrobras já domina a tecnologia de exploração nas águas ultraprofundas do pré-sal e agora busca redução de custos.
Desde 2010 a estatal produz no pré-sal sem registro de acidentes significativos. O campo de Lula, na bacia de Santos, tem os dois maiores poços produtores do país hoje.
VAZAMENTO ZERO
Há menos de dois meses no cargo, Graça disse que vai ter tolerância zero com vazamentos e acidentes. Criou grupo de trabalho formado por sete gerentes que têm de entregar em breve um trabalho com propostas de ações mais rígidas para o combate dos dois problemas.
A empresa conseguiu reduzir em 65% os vazamentos de petróleo de 2010 a 2011, quando o despejo da substância foi de 234 mil barris. Figura entre as menos poluidoras entre as grandes petroleiras. Mesmo assim, Graça quer vazamento zero.
"Havia tolerância ao vazamento. Eu quero estar zerada", disse, rebatendo a máxima da indústria de que não existe vazamento zero. "Pode não existir, mas estamos perseguindo."
Segundo o representante dos empregados no Conselho de Administração da Petrobras, Silvio Sinedino, um sinal de que a companhia está levando mais a sério a manutenção das plataformas, após ter 11 delas interditadas pela ANP em 2011, foi a troca do gerente-geral da bacia de Campos, em dezembro.
"O novo gerente veio da área de manutenção", diz Sinedino sobre Joelson Mendes, substituto de José Marti, no cargo desde 2008.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Acidente da Chevron não é trivial, diz Graça - Instituto Humanitas Unisinos - IHU