13 Março 2012
O movimento de reaproximação entre as centrais sindicais e o governo Dilma Rousseff deve levar ao comando do Ministério do Trabalho o deputado Brizola Neto (PDT-RJ). Amanhã a presidente se reunirá com os presidentes das centrais sindicais, ocasião em que o assunto deve ser discutido.
A reportagem é de Fernando Exman e publicada pelo jornal Valor, 13-03-2012.
Na semana passada, emissários da presidente procuraram os dirigentes das principais centrais sindicais do país para verificar a receptividade do setor em relação a uma eventual nomeação do parlamentar, neto do ex-líder do PDT Leonel Brizola. Os sindicalistas deram uma resposta positiva e, por outro lado, enviaram o recado ao Palácio do Planalto de que querem discutir algumas políticas da Pasta com o governo a fim de acabar com o que chamam de "farra" na criação de novos sindicatos.
"Tem uma articulação das centrais em relação à abertura de sindicatos. Queremos colocar uma regra naquilo", afirmou o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical.
Segundo ele, duas propostas são debatidas pelas centrais. Uma é a realização de plebiscitos pelas categorias para que os trabalhadores decidam se um novo sindicato pode ser aberto, assim como ocorre na divisão de Estados. Outra ideia é que qualquer criação de sindicato seja obrigada a receber o crivo das seis centrais sindicais, independentemente de qual for a central a que o sindicato se filiará depois. Atualmente, a decisão é exclusiva do Ministério do Trabalho.
Entre as autoridades do Palácio do Planalto, a notícia de que o nome de Brizola Neto não recebeu vetos foi bem recebida, uma vez que a decisão pode pavimentar a reaproximação entre a administração Dilma e as centrais sindicais. Os sindicalistas têm reclamado da falta de acesso ao gabinete presidencial e por não terem sido consultados a respeito das propostas em discussão no governo, algo que não costumava ocorrer na administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além disso, a escolha de Brizola Neto manteria o Ministério do Trabalho nas mãos do PDT. Embora os articuladores políticos do Palácio do Planalto estejam insatisfeitos com a falta de apoio da bancada do partido em algumas votações de interesse do governo no Congresso, a medida evitaria uma nova turbulência entre o Executivo e um partido da base aliada.
O secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, afirmou, pelo Twitter, que "a bancada do PDT apoia, as centrais sindicais não são contra".
Outros dois nomes também haviam sido apresentados pelo PDT para suceder Carlos Lupi, que deixou o Ministério do Trabalho em meio a uma série de denúncias de irregularidades. O secretário-geral do partido, Manoel Dias, detém o apoio da maioria da cúpula da sigla, mas não é visto como um dos preferidos de Dilma. Diferente era a situação do deputado Vieira da Cunha (PDT-RS). O gaúcho era considerado um dos favoritos, mas não conseguiu se viabilizar entre os colegas de bancada e os sindicalistas do PDT. Vieira da Cunha foi um dos deputados do partido que votaram contra a mudança do regime previdenciário dos servidores públicos, o que não foi bem visto no governo.
Nascido em 1978, Brizola Neto iniciou sua carreira política aos 16 anos de idade, quando começou a trabalhar como secretário do avô. Em 2004, elegeu-se vereador. Dois anos depois, conquistou uma cadeira na Câmara dos Deputados. Brizola Neto tornou-se líder da bancada do PDT em 2009, e em 2011 ocupou o cargo de Secretário de Trabalho e Renda do Estado do Rio de Janeiro. Devido à sua atuação durante a crise que levou à queda de Lupi, o nome de Brizola Neto chegou a encontrar resistências na cúpula do PDT. Agora, os sindicalistas do partido tentam convencer Lupi a não vetar o nome do correligionário.
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Dilma sonda centrais sobre Brizola Neto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU