A tarefa de dar a "interpretação autêntica" da fé católica pertence, em última análise, aos bispos, não aos teólogos, disse um painel vaticano nessa quinta-feira 8 de março.

A reportagem é de Alessandro Speciale, publicada no sítio Religion News Service, 08-03-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Um relatório escrito por um grupo consultivo de teólogos que responde à Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano disse que a definição do ensino católico cabe principalmente ao "colégio dos bispos liderado pelo papa".

O relatório Teologia hoje: Perspectivas, princípios e critérios, foi preparado pela Comissão Teológica Internacional, mas não é considerado como parte do ensinamento oficial da Igreja. No entanto, a sua publicação foi aprovada especificamente pelo prefeito doutrinal do Vaticano, o cardeal William J. Levada.

O documento destina-se a definir os princípios da pesquisa teológica na Igreja Católica e a explorar os limites da liberdade dos teólogos. As questões levantadas pelo documento entraram em foco recentemente depois da controversa condenação da teóloga feminista Elizabeth Johnson pelos bispos dos EUA.

O texto Theology Today afirma claramente que "a 'dissidência' com relação ao magistério não tem lugar na teologia católica", mas sublinha que "a investigação e o questionamento" são "justificadas e até mesmo necessários".

Bispos e teólogos têm "chamados distintos e devem respeitar a competência particular uns dos outros", afirma o painel. Mas, no fim, a "'autêntica' interpretação da fé" é uma prerrogativa das autoridades da Igreja, nomeadamente os bispos. E os teólogos não podem "ter a presunção de substituir o ofício magisterial dos pastores da Igreja".

Segundo o documento, os teólogos desempenham um papel ao ajudar as autoridades da Igreja a compreender e a aceitar os desenvolvimentos históricos. No passado, diz relatório, a Igreja foi "excessivamente cautelosa" com relação a movimentos como o Iluminismo, a Revolução Francesa, a emancipação das mulheres e a ecologia.