09 Março 2012
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, diz que Banco do Brasil e Caixa deveriam liderar a redução do spread cobrados pelas instituições financeiras. “Os bancos ainda usam o falso argumento da inadimplência para cobrar 230% de juros no cartão de crédito. É uma verdadeira usura que precisa ser enfrentada”, diz ele, que, no dia 15, ao lado de outros sindicalistas, proporá à presidenta Dilma a criação de uma conferência nacional do setor financeiro.
A entrevista é de Marcel Gomes e publicada por Carta Maior, 08-03-2012.
A redução mais intensa da taxa básica de juro, a selic, iniciada pelo Banco Central, é apenas o primeiro passo para tirar a economia brasileira da rota da crise internacional.
Na opinião do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, o governo precisa atentar agora para os spreads cobrados pelas instituições financeiras, que encarecem o crédito e penalizam o setor produtivo.
“Os bancos ainda usam o falso argumento da inadimplência para cobrar 230% de juros no cartão de crédito. É uma verdadeira usura que precisa ser enfrentada”, critica o sindicalista, em entrevista exclusiva.
No próximo dia 15 de março, ele e líderes de outras centrais se reunirão com a presidenta Dilma Rousseff em Brasília. No encontro, eles defenderão que o governo crie uma conferência nacional do setor financeiro, para debater “qual o papel dos bancos no Brasil”.
“Queremos sentar juntos, todos os setores interessados, os banqueiros, para que possamos ter clareza sobre os problemas e, assim, propor medidas para enfrentá-los”, disse Artur Henrique.
Eis a entrevista.
O governo acelerou o corte da taxa de juro básico da economia. Aprova a medida?
Sim, mas isso não basta. Ainda temos uma taxa de juro real de 3,5 a 4%. E os bancos ainda usam o falso argumento da inadimplência para cobrar 230% de juros no cartão de crédito. É uma verdadeira usura que precisa ser enfrentada.
Por que “falso argumento”?
Quando propusemos a criação do crédito consignado, a idéia era justamente enfrentar o argumento de que a inadimplência fazia o Brasil ter juros altos. Com essa modalidade, o pagamento do empréstimo sairia direito do salário do trabalhador, com risco zero. Mesmo assim, hoje se cobra até 23% de juro no crédito consignado. O spread é um absurdo.
Como mudar isso?
No próximo dia 15 temos reunião com a presidenta Dilma e vamos propor uma conferência nacional do sistema financeiro, para debater qual o papel dos bancos. Queremos sentar juntos, todos os setores interessados, os banqueiros, para que possamos ter clareza sobre os problemas e, assim, propor medidas para enfrentá-los, inclusive medidas legislativas.
Os bancos públicos poderiam ajudar mais a derrubar o spread?
Claro. No início da crise, em 2008, após a quebra do Lehman Brothers, fizemos uma campanha para que os trabalhadores trocassem seu banco por outro com juro menor. Banco do Brasil e Caixa tomaram a decisão de reduzir suas taxas na época, o que pressionou as instituições privadas a fazerem o mesmo. É uma estratégia que precisa ser repetida agora.
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Após queda do juro, CUT cobra agora redução do spread bancário - Instituto Humanitas Unisinos - IHU