27 Janeiro 2012
É um padre ortodoxo de 30 anos o primeiro religioso cristão morto desde o estouro das revoltas na Síria há quase 11 meses. Segundo a agência de notícias oficial Sana, o padre Basilius Nassar teria sido morto por um tiro disparado por "grupos terroristas", que o teria atingido na cabeça enquanto tentava socorrer um civil ferido nos confrontos.
A reportagem é de Lorenzo Cremonesi, publicada no jornal Corriere della Sera, 26-01-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Isso aconteceu nesta quarta-feira, 25 de janeiro, em Hama, um dos centros mais quentes das revoltas, a 200 quilômetros a leste da capital. "As circunstâncias da sua morte são suspeitas. O Pe. Nassar se encontrava a mais de 10 quilômetros da sua igreja, Mutranieh Hama, a basílica mais importante das cinco que se encontram na cidade. Não sabemos por que ele estava lá, no bairro de Jaramieh junto ao vilarejo de Kafr Buhum, mesmo sabendo que a área estaria envolvida na nova ofensiva militar do governo", contou por telefone o advogado Anwar Bunni, ativista local pela defesa dos direitos humanos.
Os responsáveis pelas insurreições em Hama enfatizam que o fato ainda está sob investigação. Mas a região está no caos. A cidade é um dos polos mais tensos do país e fortaleza histórica do fundamentalismo sunita contra o governo xiita-alauíta que domina quase incontestado desde o golpe de Estado em 1970.
Em 1982, as tropas especiais do então presidente Hafez Assad (pai do presidente Bashar) massacraram nesse local milhares de opositores do regime. O número das vítimas nunca foi esclarecido: varia, de acordo com as fontes, de 5.000 a 40.000.
Na última primavera [europeia], com a intensificação da violência, o Exército voltou a cercar a área urbana. No início de agosto, estourou a repressão, que custou a vida de centenas de ativistas. No outono, as tensões se concentraram em outros lugares, especialmente no setor de fronteira com a Turquia.
Mas, nos últimos dois dias, com a retirada dos observadores sauditas e dos países do Golfo da missão de monitoramento desejada pela Liga Árabe, o regime de Damasco deixou claro que queria retomar a política do punho de ferro.
Em Hama, há dois dias, foram relatadas nove vítimas. Não muito longe do local da morte do sacerdote, também foi assassinado nesta quarta-feira, a sangue frio, um responsável pelo Crescente Vermelho local.
Assim, cresce o medo entre os cerca de 15.000 cristãos locais também (de uma população urbana de 700.000). Foram denunciadas novas colunas de tropas em movimento a partir dos quartéis. Mas também aumenta a desordem. Em Hama e Homs, criminosos comuns estão impondo o terror com a nova máfia dos sequestros.
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Síria: sacerdote ortodoxo morto em confrontos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU