Guantánamo faz 10 anos distante do fim

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15 Janeiro 2012

A prisão de Guantánamo, que teve o fechamento anunciado por Barack Obama nos seus primeiros dias de mandato, em 2009, fez dez anos nesta semana sem nenhuma ameaça de desativação.

A reportagem é de Isabel Fleck e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 15-01-2012.

Nas suas celas, ainda permanecem 171 prisioneiros, alguns dos quais estavam no primeiro grupo -com 14 suspeitos de terrorismo- a chegar à baía cubana, em 11 de janeiro de 2002. E não devem sair de lá tão cedo.

Isso porque o presidente dos EUA não deve comprar a briga para cumprir sua promessa de campanha, que não avançou em três anos de mandato. Analistas apostam que, em ano de disputa presidencial, ele não arriscará a reeleição insistindo em um tema que desperta reações tão inflamadas no eleitorado.

"Mesmo com a Casa Branca dizendo que Obama ainda está comprometido em fechar a prisão, está claro, pelas restrições no Congresso, que ela não será desativada em um futuro próximo", disse Matthew Waxman, membro do Council on Foreign Relations.

Para Jonathan Hansen, professor de Harvard e autor do livro "Guantanamo - An American History" (Guantánamo - uma história americana, 2011), a possibilidade de ação do governo é ainda menor porque, diz ele, a polêmica prisão nunca teve tanto apoio entre os americanos quanto agora.

"A população aceitou o argumento republicano de que é muito perigoso julgar suspeitos de terrorismo dentro dos EUA", disse à Folha.

Hansen lembra que, enquanto os republicanos eram duros em criticar as decisões do governo de suspender os tribunais militares de exceção e de desativar Guantánamo, os democratas não apoiaram Obama de forma suficiente.

"O último ato de um Congresso majoritariamente democrata foi aprovar uma lei [em dezembro de 2010] proibindo que presos de Guantánamo sejam julgados em solo americano", ressaltou.

PROMESSA DE ROMNEY


Um cenário mais sombrio do que a manutenção de Guantánamo é o aumento de sua capacidade de receber prisioneiros. A promessa já foi feita pelo atual líder das pesquisas na corrida republicana à Casa Branca, Mitt Romney.

Na disputa de 2008, quando também foi pré-candidato, ele sugeriu "dobrar o tamanho" de Guantánamo.

Com exceção do deputado do Texas Ron Paul e do ex-embaixador dos EUA na China Jon Huntsman, todos os principais pré-candidatos republicanos são favoráveis à manutenção da prisão.

Dos 779 suspeitos de terrorismo que passaram pela prisão, apenas seis foram declarados culpados pelos tribunais militares. Oito morreram sob custódia dos EUA e 600 foram transferidos para outros países, principalmente Afeganistão e Arábia Saudita.