Sopram ventos de mudança em Cuba, que recebem um forte impulso da Igreja Católica. A notícia da visita do papa
Bento XVI à ilha foi anunciada no domingo, 13, pelo cardeal
Jaime Ortega na igreja Jesús de Miramar, onde centenas de fiéis se congregaram para receber a imagem da
Virgem da Caridade do Cobre, que desde agosto de 2010 peregrina por todo o país.
A reportagem é de
Manuel Quintero e publicada pela
Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 17-11-2011.
A longa peregrinação da chamada Padroeira de Cuba é um fato inédito nos últimos 50 anos e demonstra mudanças significativas na atitude do governo ante o fato religioso, especialmente de cunho católico romano.
Na peregrinação, segundo notícia difundida pela oficialista
Rádio Rebelde, “participaram, junto às autoridades eclesiais, instituições e organismos estatais de todos os municípios e províncias do país, outorgando-se as facilidades para sua execução.”
Uma antiga lenda narra que a
Virgem da Caridade do Cobre apareceu boiando sobre as águas da Baía de Nipe, em 1612, para salvar do naufrágio três cubanos que navegavam num pequeno bote em procura de sal.
A virgem, cuja imagem se conserva no
Santuário Nacional Basílica Menor do Cobre, em Santiago de Cuba, dirigiu-se até eles boiando sobre um pedaço de madeira na qual estava a inscrição: “Eu sou a Virgem da Caridade”.
A Igreja Católica não esqueceu de recordar que a também chamada “
Virgem Mambisa” esteve vinculada às lutas pela independência e que constitui um símbolo da identidade nacional.
Na segunda-feira, 14, a revista católica
Espaço Laical chamou o
Partido Comunista de Cuba (PCC), que celebrará sua primeira conferência anual em janeiro, a não perder a oportunidade de “contribuir com mudanças substanciais e convocar o povo para realizá-las”.
O editorial da publicação dos leigos da Arquidiocese de Havana aponta que “seria inconveniente conter a esperança nas grandes mudanças e deixar passar o tempo para que outros, mais adiante, sejam quem os levem a cabo”.
Em concordância com as mudanças anunciadas no
VI Congresso do PCC, em setembro, foi autorizada a compra e a venda de carros e a partir da quinta-feira, 10, entraram em vigor as disposições legais que permitem transferências de propriedades, duas das medidas mais esperadas na Ilha.
Espaço Laical sublinha que as importantes mudanças e reformas que a Ilha carece terão que ser ordenadas e graduais, como expressou o presidente
Raúl Castro no congresso do PCC, em abril.
Mas adverte que seria um erro “confundir tal gradualidade com falta de clareza e de celeridade”, pois “seria penoso que as atuais gerações de cubanos tivessem que sofrer a dor de ver suas aspirações truncadas pela falta de oportunidades para aceder a uma vida plena”.
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Igreja Católica reclama mudanças em Cuba - Instituto Humanitas Unisinos - IHU