13 Novembro 2011
O BNDES será sócio da nova fábrica da Foxconn no Brasil e já assinou com os empresários Terry Gou e Eike Batista um acordo de confidencialidade para montagem da engenharia societária e financeira do negócio.
A reportagem é de Valdo Cruz e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo,13-11-2011.
A primeira etapa do investimento seria de US$ 4 bilhões dos US$ 12 bilhões anunciados pelo empresário taiwanês, destinados à instalação de uma fábrica de telas para televisores.
O empresário brasileiro Eike Batista se comprometeu a entrar com US$ 500 milhões na sociedade. Já o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pode bancar até 30% do negócio -US$ 1,2 bilhão.
O presidente-executivo da taiwanesa Foxconn, Terry Gou, quer entrar somente com a sua tecnologia no capital da empresa.
O governo contratou uma consultoria para avaliar o valor da tecnologia e ainda espera convencer o empresário a entrar também com capital.
Para concluir o investimento, BNDES, Eike e Gou buscam mais sócios. Um do setor de infraestrutura, para construir a unidade, e outro para absorver a tecnologia.
No primeiro caso, o governo está conversando com empreiteiras, como Andrade Gutierrez. No segundo, com empresas nacionais como Positivo, Semp e Itautec.
No Palácio do Planalto, a avaliação é que há 70% de chances de o negócio se concretizar. No mercado, ainda há dúvidas por causa das exigências que a Foxconn deve fazer para se instalar no país, como incentivos fiscais e facilidades de construção ainda não negociados.
Em uma etapa posterior, a empresa taiwanesa pode instalar uma segunda unidade no país, também de US$ 4 bilhões, para fabricação de telas sensíveis de tablets, smartphones e computadores.
A Foxconn, que já tem uma fábrica de montagem em Jundiaí (SP), teria planos para uma outra unidade de produção de baterias, placas de energia solar e outros itens complementares ao negócio.
Esse último investimento também ficaria na casa dos US$ 4 bilhões, totalizando os US$ 12 bilhões que Terry Gou chegou a anunciar que aplicaria no Brasil.
COMPROMETIMENTO
A expectativa do governo é que até o início do próximo ano seja fechada a engenharia societária do primeiro investimento da Foxconn, considerado mais factível no curto prazo. Os demais são vistos como possibilidade.
Para o Palácio do Planalto, o acordo de confidencialidade com o BNDES e Eike Batista foi uma demonstração de que Terry Gou está comprometido com a operação.
O acordo proíbe os potenciais futuros sócios de revelar detalhes das negociações.
A empresa de Taiwan tem como principais concorrentes as sul-coreanas Samsung e LG, fabricantes de telas sensíveis, aparelhos de TV, tablets e smartphones.
A Foxconn não tem marca própria de produtos finais. Produz as sofisticadas telas sensíveis, principalmente na China, e monta aparelhos, como faz em Jundiaí - onde vai produzir iPhones.
Segundo um assessor presidencial, Gou tem dito que não pretende depender tanto da China para seus negócios. Daí sua decisão de negociar a instalação de uma fábrica no Brasil. Ele busca também oportunidades em outros países.
Nas conversas com a presidente Dilma, ele acertou inicialmente um processo de transferência de sua tecnologia - o que não admite fazer com a China.
Ele concentra toda a área de engenharia e desenvolvimento de tecnologia em Taiwan, país que se declara independente da China, considerado pelos chineses uma província rebelde.
Empresa promete treinamento para 900 engenheiros
O empresário Terry Gou, presidente-executivo da Foxconn, prometeu ao Palácio do Planalto treinar 900 engenheiros brasileiros em Taiwan para trabalhar no que pode ser a futura fábrica de telas para televisores no Brasil.
O treinamento será feito em três etapas. Cada uma com 300 engenheiros, preparados durante seis meses. Pelo cronograma inicial, a seleção dos primeiros candidatos será feita até o fim do ano. Segundo especialistas, cada fábrica de telas da Foxconn demanda 3.000 engenheiros.
Pela tecnologia atual, uma fábrica de telas de televisores não tem capacidade de fazer o mesmo tipo de produto para tablets e smartphones.
A tecnologia usada pela Foxconn foi desenvolvida pela sua sócia Chimey Inolux, que atualmente desenvolve um tipo de tela dobrável.
As negociações são acompanhadas de perto pela presidente Dilma Rousseff, que observa o negócio como uma forma de o país atrair e absorver um tipo de tecnologia de ponta concentrada na Ásia.
Um assessor presidencial afirma que Dilma e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, têm o assunto como prioritário.
Superada a fase de montagem de engenharia societária e financeira, a etapa seguinte será a escolha do local da fábrica.
Seis Estados disputam o investimento: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas, Bahia, Pernambuco e Paraná.
Um técnico envolvido nas negociações diz que a escolha do local é complexa. A fábrica de telas sensíveis é ultramoderna. Tem de ser construída em solo não sujeito a oscilações e receber a garantia de fornecimento seguro de energia e água pura.
Gou já disse que deseja uma em um local próximo de região metropolitana e de um aeroporto, para facilitar a distribuição dos produtos e o recebimento de matéria-prima.
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Foxconn terá BNDES e Eike como sócios - Instituto Humanitas Unisinos - IHU