Peregrinos a Meca, mas mais inimigos do que nunca

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08 Novembro 2011

Celebra-se neste domingo, 6 de novembro, o primeiro dia da Festa do Sacrifício, que marca o momento culminante da peregrinação a Meca. Calcula-se que mais de dois milhões e meio de muçulmanos participaram dos rituais com um todo. Eles seguiram e seguirão, sacrificando um carneiro ou outro animal, cada detalhe do que Maomé fez nas suas últimas peregrinações.

A reportagem é de Roberto Tottoli, publicada no jornal Corriere della Sera, 06-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Nunca como neste ano, no entanto, a peregrinação acontece em um momento delicado. Os muçulmanos provenientes da Tunísia, Líbia e Egito dificilmente perderão a oportunidade para discutir e falar sobre a nova fase que parece abrir para a Irmandade Muçulmana um novo e importante papel político.

Os iranianos são e serão, ao contrário, os mais vigiados. Todos os anos, a polícia religiosa saudita é acusada de perseguir e incomodar quem não segue o ritual tradicional sunita imposto pelos wahhabitas. Os xiitas são as vítimas favoritas de repreensões e censuras religiosas em nome de uma hostilidade saudita jamais apaziguada contra qualquer expressão de xiismo.

Não menos significativo, sob essa ótica, é a recordação dos confrontos que, na peregrinação de 1987, contrapuseram os xiitas às forças de segurança sauditas e que provocaram mais de 400 mortes. Nestes dois primeiros dias, mais de cem mil agentes de segurança e unidades antiterrorismo acompanharam a multidão de peregrinos, testemunhando do temor de desordens.

São precisamente as relações e o papel da Arábia Saudita e do Irã que estão sendo postos à prova nestes dias. Os confrontos entre xiitas e sunitas do Bahrein à Síria e o ataque frustrado nos Estados Unidos aprofundaram a hostilidade mútua enraizada. As oportunidades abertas pelas primaveras árabes para a militância islâmica os colocam na primeira fila, dividindo, com a Turquia e também com Qatar, ambições e aspirações.

Essa peregrinação, até agora sem incidentes, e acompanhada por tantos temores, celebra assim a unidade ideal de uma comunidade religiosa profundamente dividida, na realidade. Com Arábia Saudita e Irã, inimigos mais do que nunca, uma vez retirada a veste branca de peregrino.