08 Novembro 2011
A diplomacia do Vaticano teme que a decisão da Irlanda para fechar sua embaixada poderia desencadear um movimento semelhante por parte de outros países.
A reportagem é de Clodagh Sheehy, publicada no jornal irlandês The Herald, 05-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Essa decisão levou as relações entre a Irlanda e a Santa Sé a um nível inferior. Uma fonte diplomática vaticana afirmou que a Irlanda seria agora o único grande país de tradição católica sem uma embaixada junto à Santa Sé.
"Isso é realmente um mal para o Vaticano, porque a Irlanda é o primeiro grande país católico a fazer isso, o que representa um momento importante na história do catolicismo irlandês", acrescentou.
A mesma fonte também ressaltou que o Vaticano estaria "muito irritado" com o texto que comunicou a decisão do governo irlandês, em que se avaliavam as embaixadas diplomáticas em termos de retorno econômico, em vez da promoção dos valores humanos.
O governo irlandês afirmou que a embaixada seria fechada porque "não produz um retorno econômico".
Os diplomatas temem agora que o movimento irlandês poderia influenciar outros países a tomar uma decisão semelhante, a fim de economizar dinheiro, com base na avaliação de que uma dupla presença diplomática em Roma seria muito cara.
Enquanto o vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores, Eamon Gilmore, negou que o fechamento estivesse ligado às difíceis relações entre o governo irlandês e a Igreja sobre a gestão dos casos de abuso sexual, os diplomatas romanos acreditam que a questão teve, sim, um papel importante.
"No fim das contas, eu realmente duvido que a embaixada junto ao Vaticano estaria na lista de ter sua cabeça cortada sem as consequências do escândalo dos abusos sexuais", disse um embaixador.
O cardeal Sean Brady disse estar profundamente decepcionado com a decisão.
"Essa decisão parece mostrar muito pouca consideração pelo importante papel desempenhado pela Santa Sé nas relações internacionais e pelos históricos laços existentes entre o povo irlandês e a Santa Sé ao longo de tantos séculos", afirmou.
