08 Novembro 2011
O melhor posicionado para substituir o atual presidente da Conferência Episcopal argentina é o titular da Arquidiocese de Santa Fé, José María Arancedo. O arcebispo de Buenos Aires, entretanto, continuará tendo muita influência na liderança da igreja.
A reportagem é de Washington Uranga e publicado pelo Página/12, 06-11-2011. A tradução é do Cepat.
Os bispos católicos argentinos se reunirão a partir de amanhã até o próximo sábado em Pilar (Buenos Aires) em sua 102ª assembléia, que inclui entre os temas centrais em pauta a renovação das autoridades do episcopado, sem qualquer possibilidade que o atual presidente, o cardeal Jorge Bergoglio (foto), ocupe novamente esse cargo. O arcebispo portenho cumpriu dois mandatos de três anos à frente do corpo e os estatutos impedem uma nova eleição. O Arcebispo de Santa Fé, José María Arancedo, aparece como o candidato mais forte para sucedê-lo como presidente até 2014.
Embora não haja informação precisas a respeito, estima-se que a eleição da Comissão Executiva (presidente e dois vice-presidentes) acontecerá entre terça e quarta-feira, para em seguida, se dar a nomeação do secretário-geral e dos titulares das restantes 19 comissõesque compõem o organograma institucional. Todas as escolhas são feitas por voto direto dos bispos, por maioria, e através de um dispositivo eletrônico instalado na sala de reuniões plenárias.
Arancedo (foto), o principal candidato à presidência, é atualmente o segundo vice-presidente do Episcopado. É considerado um homem de posições moderadas e voltado ao diálogo. É, de qualquer forma, um homem próximo a Bergoglio, que continuará tendo muita influência na condução eclesiástica, apesar do fato de que em dezembro também deverá apresentar sua renúncia à Arquidiocese de Buenos Aires ao chegar aos 75 anos - idade estabelecida por lei pelo Vaticano para o fim do exercício de governo pastoral. Se dá por certo que a renúncia de Bergoglio para o Arcebispasdo de Buenos Aires, não será aceita imediatamente e estará sujeita à decisão do Vaticano e, em última instância, ao próprio Papa Bento XVI.
Como possíveis acompanhantes de Arancedo nas vice-presidências, tem circulado os nomes de Virginio Bressanelli, bispo coadjutor de Neuquén, e Mario Cargnello, arcebispo de Salta. O primeiro é um teólogo e pastoralista bastante reconhecido por suas contribuições para a renovação da vida da Igreja, particularmente desde a vida religiosa consagrada. Foi superior geral (mundial) da sua congregação (Sagrados Corações) e, por essa razão, viveu em Roma até pouco antes da sua nomeação episcopal em 2005. Cargnello, no entanto, representa a ala mais conservadora do Episcopado. Se confirmada, esta hipótese, não entraria na Comissão Executiva a atual arcebispo de La Plata, Héctor Aguer, que por sua vez, poderia apoiar Cargnello na sua eleição.
Também se menciona o nome do arcebispo Dom Agostinho Radrizzani (Mercedes-Luján) para ocupar um cargo no Comitê Executivo, mas o fato de que alguns bispos o considerem um homem "próximo" ao Governo, torna-se um obstáculo para a sua eleição. Radrizzani é atualmente o Presidente da Comissão para a Comunicação Social, e pode ser reeleito.
Como secretário-geral do Episcopado, tudo indica, continuará sendo o bispo auxiliar de Buenos Aires, Enrique Eguía.
Outras comissões episcopais consideradas chaves, terão obrigatoriamente novos presidentes porque seus atuais titulares não podem ter um terceiro mandato. É o caso da Pastoral Social, onde Jorge Lozano (bispo de Gualeguaychú) poderá suceder Jorge Casaretto (San Isidro). Tampouco pode continuar no cargo o titular da Cáritas, Fernando Bargalló (Merlo-Moreno), e estima-se que essa responsabilidade será assumida por Oscar Ojea, Bispo Coadjutor de San Isidro. Hector Aguer, expoente das posições mais conservadoras, continuaria em sua posição atual como presidente da Comissão de Educação Católica. O mesmo aconteceria com o titular da Pastoral Aborígene (Fernando Maletti, Bariloche) e Liturgia (Mario Cargnello), sempre e desde que este último não seja nomeado vice-presidente. Em outras treze comissões se terão novos presidentes porque os atuais já cumpriram dois mandatos consecutivos.
A todas as mudanças anteriores se acrescenta a já anunciada saída do núncio (embaixador) da Santa Sé na Argentina, Adriano Bernardini, que irá desempenhar funções em Roma. Ainda não se sabe o nome do seu substituto, nomeado diretamente pelo Vaticano, mas é provável que o anúncio seja feito após os nomes designadas para a direção da Conferência Episcopal.
A conformação da nova liderança do Episcopado terá incidência direta nas relações futuras da hierarquia católica com o governo nacional, que nos últimos anos se mantiveram dentro da formalidade institucional, mas sem diálogo entre as partes. Em seus dois primeiros dias de reunião, os bispos farão um balanço da situação política, social e eclesial do país a partir do novo cenário após a reeleição do Presidente Cristina Fernández de Kirchner.
Na agenda dos bispos continuam presente temas como a possível despenalização do aborto e da eutanásia, questões sobre as quais continuarão insistindo na oposição e que, inclusive, não se descartam que sejam motivos de pronunciamente da plenária sobre a matéria.
Entre os assuntos pendentes entre o governo e a hierarquia católica continua latente a disputa pelo bispado castrense, atualmente vacante. A intenção do governo é eliminar a figura do bispo e dos capelães castrenses, para o qual é necessário modificar os conceitos do acordo internacional entre a Santa Sé e a Argentina. O Vaticano se opõe terminantemente contra essa possibilidade.
A lista definitiva dos nomes que conformem a nova cúpula episcopal oferecerá também um panorama acerca das possibilidades do diálogo com as autoridades políticas. É habitual que imediatamente depois de ser escolhida a nova Comissão Executiva do Episcopado, o mesmo solicite uma audiêncai à presidenta.
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Um candidato para suceder Bergoglio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU