04 Novembro 2011
O ex-presidente uruguaio Tabaré Vázquez se mantém firme em sua decisão de permanecer afastado da atividade política, apesar dos reiterados pedidos de dirigentes da Frente Ampla, a coalizão de centro-esquerda no governo, para que reveja sua posição. Vázquez disse a um grupo de simpatizantes que "seria muito ruim começarem as peregrinações" para convencê-lo a mudar sua postura, ao mesmo tempo que lhes confirmou que prevê retirar-se para "quartéis de inverno" ao menos por seis meses, informou nesta segunda-feira o portal Uypress.com.
A reportagem está publicada no jornal argentino Página/12, 01-11-2011. A tradução é do Cepat.
A Comissão de Programa da Frente Ampla solicitou ao ex-presidente para que participe de conversas e caravanas por todo o país para elaborar o programa de governo para 2014, com o argumento de que esta colaboração não implica em participar das atividades políticas. A delegação lhe explicou que a intenção era "contar com sua formidável experiência como governante", mas Vázquez se mostrou reticente com a proposta. No momento, o ex-presidente – primeiro de esquerda no país – e médico oncologista de 71 anos mantém seu compromisso de participar apenas das atividades públicas que estavam agendadas antes de seu afastamento da política, no dia 13 de outubro.
Vázquez anunciou nesse dia sua retirada da atividade pública após admitir diante de ex-alunos de um colégio privado que trabalhou com a hipótese um conflito armado com a Argentina por conta da instalação da fábrica de celulose finlandesa Botnia, agora UPM, em Fray Bentos. Nessa conferência revelou também que, diante da eventualidade desse conflito, viajou aos Estados Unidos para pedir ajuda ao presidente George W. Bush e à sua secretária de Estado, Condoleezza Rice, declarações que geraram polêmica nos dois lados do Rio da Prata.
Precisamente, os efeitos produzidos por essas declarações, que incluíram críticas da própria Frente Ampla e, evidentemente, da oposição, levaram Vázquez a pedir desculpas e a recolher-se em silêncio ao menos no que se refere a questões políticas.
Vázquez recusou uma conversa com integrantes da secretaria executiva da coalizão, no poder, ao mesmo tempo que um grupo de simpatizantes do ex-presidente começou a delinear uma estratégia com a finalidade de convencê-lo a retornar à política. Cinco representantes de igual quantidade de setores da Frente Ampla, entre eles um ex-ministro de Vázquez, se reuniram há 10 dias no Bairro La Teja, de Montevidéu, onde nasceu o ex-presidente, para trocar opiniões sobre ações a serem levadas a cabo em novembro após seu retorno.
Após seu anúncio de afastamento, o oncologista disse, em um almoço com empresários organizado pela Associação de Dirigentes de Marketing sobre o Plano Ceibal, que durante seu governo deu um laptop para cada aluno. Durante a conferência, da qual participaram o vice-presidente Danilo Astori e vários ministros e ex-ministros, Vázquez não aceitou perguntas de caráter político. No dia seguinte, visitou a cidade de Salto, no litoral uruguaio, onde falou sobre o Bicentenário do processo de Independência, e diante de um público que gritou seu nome, ironizou: "Quero advertir a minha coletividade política, que não serei candidato... nas eleições de 2019".
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Tabaré Vázquez mantém sua decisão de se retirar da política - Instituto Humanitas Unisinos - IHU