28 Outubro 2011
Sem os "ateus", faltaria algo no encontro de Assis. Palavra do filósofo mexicano Guillermo Hurtado, 48 anos, o membro mais jovem da delegação dos quatro não crentes que participam da Oração pela Paz.
A reportagem é de Andrés Beltramo Alvarez, publicada no jornal La Stampa, 27-10-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Com ele, estarão Julia Kristeva, filósofa e psicanalista francesa; Remo Bodei, historiador da Universidade de Pisa; e Walter Baier, economista austríaco, membro do Partido Comunista. A reunião desejada pelo papa, para Hurtado, não é mais "inter-religiosa", porque, pela primeira vez, envolve toda a humanidade.
Eis a entrevista.
O que um agnóstico faz nessa peregrinação?
Acompanha os crentes na busca da verdade e da paz, como disse Bento XVI. Trata-se de uma busca compartilhada da humanidade, na qual um agnóstico, e também um ateu, podem participar com confiança e convicção plenas.
Essa será a primeira vez para os "não crentes" nos encontros de Assis. Como você interpreta essa novidade?
Como parte de uma vocação universal da Igreja Católica, porque um encontro só de crentes, que deixa de fora aqueles que não o são, não seria um reflexo das aspirações comuns da humanidade. Devemos promover o diálogo entre crentes e não crentes neste momento da história, em que estamos submersos em uma crise muito grande, para encontrar soluções comuns para os problemas comuns.
Há muitos tipos de "não crentes": agnósticos, ateus e hostis. Há espaço para todos em Assis?
É um leque que vai desde os ateus beligerantes jacobinos (que pretendem anular a religião) até os agnósticos abertos às manifestações da religiosidade, que buscam respostas espirituais. Não é possível colocar todos os não crentes na mesma categoria. O convite do papa não pode ser considerado como um convite para todos: eu o considero como um convite individual para estabelecer um diálogo com alguns não crentes.
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"Eu, ateu, convidado pelo papa" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU