Aqueles que transitam entre os mundos da política e da bola se mostram divididos em relação a mudanças que a saída de
Orlando Silva (PCdoB) do Ministério do Esporte possa provocar na organização da
Copa do Mundo de 2014. Para o deputado federal
Vicente Cândido (PT-SP), relator da
Lei Geral da Copa e vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, o cronograma de discussões não será alterado, seja quem for o substituto escolhido. Já para o ex-dirigente do São Paulo Futebol Clube e vereador
Marco Aurélio Cunha (PSD-SP), caso a presidente
Dilma Rousseff escolha o deputado federal
Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para o posto, ficará claro que cedeu e buscou alguém próximo a
Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A reportagem é de
Raphael Di Cunto e
Vandson Lima e publicada pelo jornal
Valor, 27-10-2011.
Rebelo presidiu, em 2000, a CPI da CBF/Nike, que investigou os contratos entre a entidade e a fornecedora de material esportivo. Pressionado pela chamada bancada da bola, composta por deputados ligados a dirigentes e clubes, encerrou a comissão sem a aprovação de um relatório final.
Contudo, à época em que se tornou ministro da secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais, entre 2004 e 2005,
Rebelo e
Teixeira se aproximaram, por intermédio do ex-presidente do Palmeiras
Mustafá Contursi -
Rebelo é palmeirense - e se tornaram amigos. "A Copa é um tsunami, um poder paralelo que atropela quem é contrário aos seus interesses. Se
Aldo for escolhido, o governo mostra que cedeu e colocou alguém afinado com
Teixeira, o que agrada à
Fifa [Federação Internacional de Futebol]", observa
Cunha.
Cândido diz que a comissão adiantará as reuniões com outros órgãos do governo, como o ministério da Justiça, e terá como ponte com o governo a Casa Civil e a secretaria de Relações Institucionais. Isso até o novo ministro estar integrado com o tema. "Evidente que toda mudança causada por denúncia nunca ajuda o trabalho, ainda mais na celeridade que nós precisamos. Mas para superar um pouco essa lacuna, vamos ouvir os outros órgãos do governo que têm participação grande na
Lei da Copa", diz.
A expectativa é votar o projeto em plenário na primeira quinzena de dezembro, depois de audiência com o secretário-geral da Fifa,
Jérôme Valcke, que irá à comissão especial no dia 9 de novembro para discutir as mudanças desejadas pela entidade. O texto sugerido pelo governo tem causado divergências com a
Fifa, que quer impedir a meia-entrada para estudantes e idosos nos estádios e liberar a venda de bebidas alcóolicas nos jogos, vetada em parte dos Estados brasileiros.
Para
José Hawilla, dono da Traffic Sports, uma das maiores empresas de marketing esportivo do país, a demissão de ministro não prejudicará negócios vinculados à
Copa, mas ele se mostra preocupado com a permanência do
PCdoB no comando da pasta. "Se o partido vai continuar, tenho a impressão que a Presidência aceitou essa conduta". A
Traffic venderá os "pacotes de hospitalidade" da
Copa das Confederações de 2013 e da
Copa do Mundo de 2014, atuando no comércio de camarotes VIPs, instalações e serviços nos estádios como estacionamento preferencial, entretenimento e brindes, além de pacotes turísticos.
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Bancada da bola diverge sobre impacto na Copa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU