13 Outubro 2011
Profunda desilusão dos lefebvrianos, reunidos em conclave em Albano, onde a cúpula dos tradicionalistas conheceu em detalhe o conteúdo do envelope lacrado e do Preâmbulo Doutrinal que lhes foi entregue pelo cardeal Levada para o seu eventual retorno a Roma.
A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada no sítio Religión Digital, 11-10-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A conclusão generalizada entre eles é que a oferta feita pela Santa Sé "é pior" do que a que João Paulo II e o então cardeal Ratzinger lhes haviam feito em 1988, para evitar que o arcebispo Lefebvre consagrasse bispos e ocorresse o cisma. A proposta é tão ruim que eles nem sequer são igualados com os anglicanos de volta a Roma, dizem os tradicionalistas feridos.
Segundo confirmado por fontes próximas à Fraternidade São Pio X (FSSPX), Dom Lefebvre, apesar de ter assinado a proposta vaticana, já naquela época decidiu rompê-la e consagrar bispos, consciente de que só assim a sua fraternidade poderia perpetuar. E sabendo, também, que a consagração de bispos não pertence ao núcleo dogmático da fé.
Os atuais dirigentes tradicionalistas asseguram que, se o seu líder não aceitou aquela proposta que era mais vantajosa, como seus sucessores vão aceitar esta que é pior e em um momento em que a Fraternidade está mais forte? E dão um exemplo: naquela época, eles tinham 40 seminaristas; hoje possuem 550.
Perante uma proposta "menor, menos clara e mais intragável", nem por isso os tradicionalistas vão desistir. Eles vão demonstrar a sua decepção para Roma e vão esperar uma contraproposta vaticana. Caso contrário, preferem "continuar assim".
Estamos, portanto, em pleno processo de negociação e de dar e receber. Ao contrário do que muitos comentaristas e a maioria da Cúria Romana pensam, os tradicionalistas não acreditam que Roma lhes está dando "um presente" convidando-os a retornar. Consideram, ao contrário, que são eles que dão um presente (inclusive numérico) para a exausta Santa Sé.
Convencidos de ter o vento a seu favor, os lefebvrianos estão dispostos a voltar, mas com a cabeça erguida. Eles acreditam que a conjuntura lhes favorece. Tanto que até estão pensando (alguns deles afirmam isso em privado) em uma intervenção direta do papa. "É do senso comum que o papa tome as rédeas e decida por si mesmo, para que possamos entrar sem condições", dizem as fontes tradicionalistas.
Em todo o caso, a comunicação da FSSPX com o papa continua sendo excelente e não parece que nenhuma das partes quer romper as negociações. Por enquanto, as espadas continuam elevadas. Roma quer que os tradicionalistas voltem. Com condições e sem tapete vermelho. Os tradicionalistas querem voltar com uma festa, como o filho pródigo, e com o Pai-Papa que vai pessoalmente em busca deles.
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Lefebvrianos acreditam que a oferta de Roma é "pior" do que as de João Paulo II - Instituto Humanitas Unisinos - IHU